Discurso em Santo Antão

Ribeira Grande
01 de Abril de 2004


Senhora Ministra dos Negócios Estrangeiros
Senhores Presidentes de Câmara
Excelências
Senhoras e Senhores

Queria antes de mais começar por agradecer emocionadamente, Senhor Presidente da Câmara, as suas amáveis palavras e a forma calorosa e generosa com que me receberam. Para mim, para minha mulher e para toda comitiva que nos acompanha, constitui uma enorme satisfação visitar esta lindíssima Ilha de Santo Antão.

É bom estar aqui convosco. É bom poder contribuir, com a minha presença, para estreitar uma relação que eu sei ser muito especial entre as gentes desta Ilha e Portugal.

Estou tocado pela beleza extraordinária desta Ilha, metade árida e metade floresta, com as suas montanhas escarpadas e vales profundos. Aqui compreendemos quanta força foi precisa para o povo caboverdiano vencer.

É esta força e determinação que explica o segredo do sucesso de Cabo Verde no seu trajecto desde a independência. É hoje o quarto país africano em termos de desenvolvimento. Mas se olharmos à maturidade política da sua democracia, à solidez das suas jovens instituições, ao respeito pelo Estado de Direito, à tolerância e à estabilidade social, Cabo Verde é, sem dúvida e a grande distância, o primeiro.

A maturidade da democracia caboverdiana foi mais uma vez evidenciada pela forma como decorreram as recentes eleições autárquicas, aceitando-se, com naturalidade e serenidade, a alternância democrática.


Minhas Senhoras e Senhores,

No ano em que se cumpre o 30º aniversário do 25 de Abril, é possível celebrar o caminho que percorremos em conjunto. Portugal e Cabo Verde têm hoje uma relação exemplar. Em todos os planos, do político ao da cooperação, as nossas relações são sólidas e frutuosas e processam-se num clima de amizade sem mácula. Hoje estamos juntos por vontade própria, como Estados independentes, uma relação alicerçada no passado e que se projecta com optimismo no futuro. É a ele que nos devemos dirigir, investindo o melhor dos nossos esforços na criação de condições para gerar maior prosperidade e desenvolvimento.

E devemos ser ambiciosos, procurando sempre ir mais longe no fortalecimento do nosso relacionamento. Pelo nosso lado, quero que Cabo Verde saiba que Portugal estará presente, amigo e solidário, sempre que necessário.

Gostaria de destacar a maturidade e diversidade da nossa cooperação, que cobre hoje grande variedade de áreas, sendo Cabo Verde o principal recipiente per capita de ajuda pública ao desenvolvimento de Portugal.

Congratulo-me com a vitalidade da cooperação entre as autarquias portuguesas e caboverdianas, instrumento em que eu acredito profundamente e que considero mesmo insubstituível, complementando a cooperação institucional entre Governos. Foi, por isso, com muito prazer que convidei três autarcas portugueses para me acompanharem nesta segunda visita oficial a Cabo Verde e para que, ao longo deste cinco dias, representassem o conjunto dos municípios portugueses geminados com cidades caboverdianas.

Valendo-me desta oportunidade, na presença do Presidente da Associação de Municípios de Cabo Verde, gostaria de prestar uma sentida homenagem a todos os autarcas caboverdianos pelo trabalho generoso e dedicado em prol do progresso das suas terras e do bem-estar dos seus concidadãos num país em que a descontinuidade territorial e os constrangimentos impostos pela Natureza acentuam a sua responsabilidade.

Termino, formulando votos de sucesso e prosperidade para as gentes de Santo Antão e desejando um futuro de amizade fraterna entre os nossos dois países e povos.