Câmara Municipal Budapeste

Hungria
13 de Abril de 1999


Senhor Presidente e meu caro Amigo
Minhas Senhoras e meus Senhores,
 
É com um particular prazer que volto a esta Câmara Municipal e agradeço-lhe a recepção tão calorosa que me reservou assim como a todos os que me acompanham nesta visita.

Regozijo-me por me encontrar novamente em Budapeste, cidade acolhedora e dinâmica, e por me poder avistar com Vossa Excelência. Recordo com carinho as minhas anteriores visitas a esta tão bela cidade e a amável hospitalidade que sempre me dispensou.

Conhece Vossa Excelência a importância que atribúo ao papel indispensável das cidades na construção de uma Europa de cidadãos, cada vez mais coesa e solidária.

Muitos dos problemas com que as nossas sociedades e os nossos Estados se defrontam, são questões que a administração municipal tem de procurar resolver no quotidiano da sua acção, adquirindo uma experiência decisiva nestas matérias. Problemas que vão desde a protecção ambiental à renovação das infraestruturas, da humanização dos espaços à diminuição das disparidades económicas e sociais, da preservação e reabilitação do património histórico e cultural à luta contra a exclusão e a marginalização.

As Câmaras Municipais têm um papel importante na promoção da actividade económica, na criação de emprego, têm de se tornar crescentemente atractivas para os investidores, encontrar formas eficazes de coordenar as intervenções públicas e privadas indispensáveis para a melhoria do tecido urbano e da qualidade de vida dos cidadãos.

Budapeste tem, nos últimos anos, prosseguido uma acção determinada para fazer face a estes desafios, visando a melhoria das condições e da qualidade de vida dos seus habitantes. Estou bem consciente, até pelas funções que anteriormente exerci, da magnitude desta tarefa, sobretudo quando se trata, como em Budapeste e Lisboa, de cidades antigas com exigências muito próprias.

Durante o passeio que seguidamente daremos por algumas ruas de Pest, e durante o qual me poderei inteirar, mais directamente, dos projectos que esta Câmara Municipal está a levar a cabo, deter-nos-emos no local onde funcionou, até ao final da última grande guerra, a Embaixada de Portugal.

Gostaria de aproveitar esta ocasião para prestar homenagem a todos aqueles que, durante o longo período em que a maior parte da Europa viveu porventura a mais trágica e negra época da sua História, mantiveram vivos os ideais da liberdade, da justiça e da solidariedade humana.

Mau grado a repressão totalitária, as deportações, a tortura e o extermínio, gente houve que soube resistir, ajudar, salvar, opor-se - com uma incomparável coragem e arriscando diariamente a própria vida - à força bruta e à negação da razão.

Que me seja permitido lembrar Wallenberg, mas também os diplomatas portugueses Sampaio Garrido - que tive o prazer de conhecer - e Carlos Branquinho, que abnegadamente salvaram vidas, protegeram inocentes, se opuseram, pelos seus actos, à barbarie totalitária; e também todos aqueles, tantas vezes anónimos, que lutaram contra todas as opressões, todos os racismos, todas as violações da dignidade e dos direitos da pessoa humana.

É bom que os lembremos, que recordemos o seu exemplo, que lhes prestemos uma homenagem sincera, pois será nos valores da liberdade, da democracia, da justiça, do progresso e da fraternidade que deverá assentar a nova Europa que queremos construir. Uma Europa que se enriquece constantemente pela sua diversidade cultural e humana, aberta a diferentes formas de ser e de pensar, uma Europa de solidariedade e de paz.

Esta bela cidade é bem testemunho dessa Europa, pela sua História, pela sua pujante afirmação cultural, pela sua diversidade humana, pelo papel que continuará a ser chamada a assumir no coração do nosso continente.

Agradeço-lhe sinceramente, Senhor Presidente e caro Amigo, a sua recepção tão calorosa e desejo-lhe, a si e aos seus colegas da Câmara Municipal de Budapeste, todos os sucessos.