Sessão Solene na Praça Velha de Angra do Heroísmo

Angra do Heroísmo
11 de Julho de 1999


Quero agradecer-vos de forma sentida a calorosa recepção, a simpatia e o afecto com que nos receberam, quer a mim quer à Maria José.
Esta é uma cidade calorosa, que já conheço bem e que ao longo dos anos tenho tido a oportunidade de ver desenvolver-se, procurando sempre manter os traços de identidade que a distinguem e lhe conferem uma particular beleza.
Tocada por uma violenta tragédia natural a Terceira e Angra souberam, com coragem e sacrifício, mas também com lucidez e visão de futuro dar um exemplo notável a Portugal e ao mundo de uma reconstrução respeitadora do património.
A Importância de ser cidade Património.
Não posso deixar de sublinhar este facto que envolveu e envolve a participação de entidades oficiais, mas também da população. Esta que é uma cidade de liberdade e de tolerância está hoje vocacionada para pela qualidade do seu património e pelo permanente cuidado na sua preservação para fazer disso um factor de desenvolvimento, de progresso, de maior riqueza cultural e de natural desenvolvimento turístico, abrindo ainda mais a Terceira ao Mundo.
Sublinho a importância dos projectos que hoje visitei e que representam uma aposta clara no desenvolvimento e no progresso, procurando articular sempre a exigência, que não pode deixar de ser permanente, no rigor do enquadramento no património já edificado.
Este é um caminho que tem de continuar a ser seguido e onde a escola pode também desempenhar um papel decisivo. Não só aqui mas, naturalmente em toda a Região, onde a educação, é essencial para estimular o conhecimento e a intervenção cívica essenciais á valorização do património e da defesa do meio ambiente.
Objectivos da visita :
Contactar as populações.
Ver e ouvir
Conhecer melhor a realidade
Debater perspectivas para o futuro
Vou dedicar particular atenção a:
O desenvolvimento económico, social e cultural
Melhor conhecimento das dificuldades.
Quero contactar com o isolamento, designadamente nas ilhas mais pequenas penalizadas por uma situação de dupla insularidade, obstáculo ao desenvolvimento económico.
Quero ter tempo, em cada ilha de contactar com a realidade e as pessoas. Quero demorar o que for necessário e possível. Quero estar próximo dos Açoreanos.
Quero valorizar a experiência autonómica, pela qual sempre me bati.
A Autonomia é um instrumento de democracia e de desenvolvimento
A autonomia, tornada possível com a democratização do regime político em Portugal, tem no caso dos Açores raízes históricas significativas, tendo constituído um passo muito importante para a solução dos problemas regionais e um motor da vida cívica nos Açores.
Nascida em parte da consciência de uma sociedade bloqueada pela burocracia, pela pobreza, pelo isolamento e pela incapacidade de desenvolver uma gestão compatível com a geografia, os recursos físicos e económicos, a cultura, a autonomia trouxe aos Açores poderes efectivos de decidir sobre grande parte dos seus problemas . Essa é uma mudança decisiva para o desenvolvimento da Região.
Hoje os Açores apresentam uma situação profundamente diferente designadamente no que diz respeito a infra-estruturas, da educação, saúde, comunicações, segurança social, emprego, fixação de quadros. A autonomia, a coesão e a solidariedade nacionais asseguraram já 25 anos de mudança na região.
Subsistem todavia problemas de desenvolvimento para os quais terão de ser encontradas respostas específicas - essa é naturalmente uma das exigências da autonomia.
Os problemas causados pela insularidade e pela dupla insularidade devem continuar a ser encarados com respostas adequadas que terão de ser muitas vezes originais.
É preciso garantir às populações as condições de desenvolvimento pessoal e profissional, bem-estar e protecção social.
Há que inventar soluções novas articulando recursos, valorizando as características do território, e criando bem-estar e desenvolvimento.
Fiz questão de viajar para os Açores na SATA. Quis dar um sinal de estímulo e incentivo ao trabalho que se está a desenvolver em todos os domínios para reduzir os problemas causados pela distância entre região e continente e entre as próprias ilhas.
É preciso aproximar. Facilitar a circulação. Estimular a criação de um mercado regional com condições de maior sustentabilidade.
Os Açores têm uma situação muito específica quer pela extrema riqueza dos seus recursos naturais e culturais quer pela grande dispersão e diversidade de recursos das suas ilhas. È preciso continuar a criar condições para que a dispersão se transforme num património no qual é possível fazer assentar o desenvolvimento.
O maior investimento que se pode fazer no desenvolvimento é o investimento que se fizer nas pessoas.