Inauguração da Casa do Artista

Lisboa
11 de Setembro de 1999


A Casa do Artista, que, com este acto, inauguramos oficialmente, representa a concretização de um sonho, que foi realizado com esforço, trabalho, devoção, amor e empenhamento de anos.
A todos os que contribuíram para que o sonho se tornasse realidade, quero testemunhar profundo reconhecimento e louvor. A condecoração que tive o gosto de entregar a Octávio Clérigo simboliza essa gratidão, expressa a quem, como Presidente da Direcção da APOIARTE desde o início do projecto, em 1986, e durante três mandatos, foi o coordenador e impulsionador de tantas vontades e dedicações, juntando às suas qualidades pessoais e profissionais um sentido de serviço à comunidade que me é muito grato realçar.
Ao actual Presidente da Direcção da APOIARTE, Armando Cortez, desejo as maiores felicidades, certo de que a sua provada dedicação a esta causa e o seu prestígio são o mais seguro penhor do êxito dela.
Esta Casa do Artista é, felizmente, muito mais do que uma casa de repouso, pois quer ser um espaço aberto, de convívio, cultura, amizade e festa. Constitui uma das dimensões do programa de acção da APOIARTE - o apoio, a assistência, a protecção e a integração daqueles que, pela força da idade, deixaram de exercer a sua actividade habitual.
As outras dimensões da actividade da APOIARTE são a formação profissional nas diversas áreas do espectáculo, o apoio àqueles que estão a iniciar a sua carreira e a promoção e dignificação da actividade artística e dos que a exercem.
O programa da APOIARTE assenta, assim, numa ampla e fecunda concepção que importa sintetizar:
- a ideia de que o diálogo permanente e a cooperação entre gerações são indispensáveis, com a consequente troca de experiência, de saber, assegurando a transmissão de uma herança e a sua renovação e enriquecimento.
- a ideia de que uma comunidade não pode esquecer nem excluir aqueles que lhe dera durante décadas o melhor de si.
- a ideia de que, em todas as idades e etapas da vida, há a possibilidade de se ser útil à comunidade e de se viver uma vida relativamente activa, digna e com reconhecimento social.
- a ideia de que temos uma responsabilidade indeclinável perante os outros, que tem de se traduzir em solidariedade, apoio, incentivo, afecto.
- a ideia de que os mais novos e os mais velhos podem e devem conhecer-se melhor e aprender uns com os outros.
- a ideia de que a dignificação de uma profissão passa pela dignificação de todos os que a exercem, a exerceram ou se preparam para a exercer.
Esta concepção pode ser apontada como um exemplo.
A dignificação e a protecção dos profissionais das artes do espectáculo representa uma responsabilidade de todos, poderes públicos e sociedade civil, sobretudo se tivermos em conta tratar-se de uma actividade com vínculos profissionais tantas vezes precários e incertos.
Neste momento, quero prestar uma homenagem calorosa a todos os profissionais do espectáculo, qualquer que seja a sua actividade. Com o seu talento, a sua criatividade e a sua dedicação à arte ajudam-nos a viver melhor. Estamos-lhe muito reconhecidos.
Tenho o maior gosto em poder estar hoje aqui convosco. Nestes dias de tristeza e dor que temos vivido, em que, minuto a minuto, nos chegam as imagens terríveis da violência iníqua, da crueldade e da injustiça, é reconfortante estarmos aqui reunidos hoje em nome da solidariedade, da dignidade humana, da paz e da cultura que se opõe à barbárie e é razão de esperança no futuro.
Desejo a este projecto o maior êxito e digo-vos muito obrigado pelo que já fizeram e vão continuar a fazer. Aos que aqui vivem e trabalham desejo as maiores felicidades.