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Condecoração da Confederação da Indústria Portuguesa
Santa Maria da Feira
Gostaria em primeiro lugar de cumprimentar a Confederação da Indústria Portuguesa pelo seu XXV aniversário.
Foram vinte e cinco anos que decorreram em ambiente de profundas transformações tanto a nível nacional como internacional. A CIP nasce quando o País dá os primeiros passos no caminho da democracia. Segue-se a descolonização e o fim do chamado ciclo do império a que correspondeu uma profunda viragem nas opções nacionais, agora dirigidas para a Europa, sem excluir África e América Latina. A adesão à então Comunidade Económica Europeia surge então como natural corolário desta viragem. Mas pouco tempo após a adesão, a queda do muro de Berlim e o fim do império soviético alteram profundamente o cenário geoestratégico mundial ao mesmo tempo que a globalização da economia e dos mercados financeiros se acelera intensamente. Como resposta surge um novo aprofundamento do processo de integração europeia que culmina já neste ano com o início da terceira fase da união económica e monetária. Face a mudanças de tal forma profundas, não será certamente exagero dizer-se que o mundo em que hoje vivemos é completamente diferente do que aquele que a CIP encontrou ao nascer. Mudanças que se fizeram sentir de forma muito especial no domínio económico. As nacionalizações e a posterior liberalização da economia; a adaptação ao comércio livre com o desmantelar das protecções aduaneiras; a adesão à Comunidade Económica Europeia e de logo de seguida a realização do mercado interno comunitário, em particular do livre movimento de capitais; e mais recentemente o processo de convergência para acedermos à zona do euro, são apenas alguns exemplos das profundas alterações no domínio económico que os nossos empresários tiveram de enfrentar em pouco mais de duas dezenas de anos. A CIP nasceu num mundo diferente é certo. Mas é justo reconhecer que perante todas estas transformações a CIP soube manter-se na primeira linha do debates nacionais que sobre estas e outras matérias foram tendo lugar. Esteve sempre actuante em defesa do que considerou serem os interesses das empresas industriais portuguesas e muitas vezes da actividade privada em geral. Contribuiu para que se formasse opinião sobre questões essenciais do nosso destino colectivo e influenciou muitas das soluções que, ao longo do tempo, se foram adoptando para os problemas nacionais. Chamou permanentemente a atenção dos empresários e dos portugueses em geral para a necessidade de Portugal não ignorar as transformações que iam ocorrendo no mundo e não se pôr à margem das novas linhas da evolução global. Tanto basta para que o Presidente da República considere extremamente valiosos os serviços prestados pela CIP à causa nacional e inteiramente dignos da elevada condecoração com que a distingo. Mas este acto tem um significado também para o futuro. Quando, como é o caso, se distingue uma entidade activa e pujante, são sem dúvida os serviços passados prestados ao País que são a justificação bastante dessa distinção. Mas é legítimo também esperar, para o futuro, a continuação da intervenção viva e empenhada que a CIP tem desenvolvido desde que nasceu. Tanto mais que estamos hoje numa situação que, conforme tenho dito, considero de profunda viragem do nosso modelo de desenvolvimento, em que a inovação empresarial, o ensino, a formação profissional, a investigação científica e a qualidade têm de substituir a abundância de mão de obra a baixo custo como factores competitivos da nossa economia. É, ainda, uma situação em que a afirmação dos interesses nacionais, sem dispensar obviamente o Estado, a que continua a competir um papel da mais alta importância, se faz também de forma crescente com a participação das entidades associativas. Espero por isso que, neste cenário complexo e de mudança a CIP continuou, como até agora, a dar o seu valioso contributo na busca das respostas mais adequadas às questões que se põem ao nosso País. Por isso Senhor Dr. Pedro Ferraz da Costa, permita-me que na sua pessoa felecite a CIP por este aniversário tão marcante do caminho percorrido e que lhe deseje as maiores felicidades para o futuro. |