Mensagem ao VI Congresso Internacional de Lusitanístas


01 de Julho de 1999


O VI Congresso da Associação Internacional de Lusitanìstas constitui um grande acontecimento da lusofonia e é um importante factor de reforço dos laços entre todos os que falam, estudam, amam e cultivam a língua portuguesa, as culturas e as literaturas que nela se expressam.
Realizado neste tempo de passagem para o novo século, é ainda uma boa ocasião para se proceder a um balanço crítico e prospectivo sobre o que se fez e o que não se fez, sobre o que falta fazer e tem de ser feito.
Como tenho dito, uma política de língua, activa e de largo alcance, é hoje um instrumento fundamental de afirmação e de projecção no Mundo, em todos planos, dos nossos países, povos e comunidades.
A globalização não pode significar uniformização linguística e hegemonia cultural. temos de saber preservar a diversidade, o pluralismo, a variedade como uma riqueza insubstituível e uma marca da condição humana.
A língua portuguesa é um património de todos os que a falam e que a enriquecem, diariamente, com a diferença das suas histórias, situações geográficas, visões do Mundo, experiências, características próprias.
Ao realizar-se este Congresso no Brasil sublinhamos a relevância, em peso demográfico e em virtualidade cultural, deste grande país, na altura em que vamos comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses, esse acontecimento único das nossas histórias, que hoje analisamos, preferindo o rigor à retórica, o que em nada diminui, antes a lança em bases mais sólidas, a sua projecção nos nossos futuros.
Seja-me permitido lembrar, neste momento, o Povo de Timor Leste que faz parte da nossa comunidade linguistica e que espera agora poder, em condições de tranquilidade, segurança , liberdade e paz escolher o seu destino.
Quero manifestar a todos vós, reunidos em nome da língua que falamos, a nossa vontade de aprofundarmos os vínculos que fortalecem uma comunidade linguística viva e forte.
Aos que, em universidades de todos os continentes, fazem do português o objecto do seu trabalho e da sua actividade pedagógica, por vezes, com dificuldades e carências que são conhecidas, testemunho o meu reconhecimento afectuoso.
Com uma história riquíssima, falada por duzentos milhões de seres humanos, a nossa língua viu, este ano, um escritor que tanto a tem prestigiado ser distinguido com o prémio Nobel da Literatura.
Ao solicitar a José Saramago que me represente neste Congresso, renovo-lhe a homenagem que sei também ser a vossa e peço-lhe que vos leve a minha calorosa mensagem de saudação a todos os presentes, de felicitações aos organizadores e de confiança no futuro da línguia portuguesa como instrumento de comunicação e de criação, como projecto e como comunidade.