Sessão de Encerramento da Reunião de Especialistas para a Reabilitação de Ecossistemas Florestais Degradados

Centro Cultural de Belém
28 de Junho de 1996


As minhas primeiras palavras são de saudação a todos os distintos participantes nesta reunião que agora se encerra, nomeadamente os participantes estrangeiros, e também de felicitações aos seus organizadores a quem se fica a dever que se juntem em Lisboa os especialistas de tantos países amigos, para além dos próprios especialistas portugueses, à volta de uma temática tão relevante e tão decisiva para o progresso e desenvolvimento sustentados do Planeta.
A ideia que pude estabelecer sobre as conclusões desta reunião permite-me verificar que aqui foram enunciadas, apreciadas e debatidas muitas das questões que têm sido recorrentes na análise que, entre nós, se vem fazendo sobre a problemática do ambiente e do desenvolvimento harmonioso de Portugal.

Na verdade, a temática da recuperação dos ecossistemas florestais degradados — que aqui a todos reúne — pode ser antes de mais pressentida como tributária de uma outra mais vasta, particularmente impressiva em Portugal, qual seja a da necessidade da preservação e recuperação do mundo e da economia rurais. Sem a recuperação articulada das produções artesanais e das produções agrícolas, florestais e pastoris não se pode garantir a sobrevivência e o desenvolvimento das comunidades que sofrem dos malefícios da desertificação. Esse é um tema planetário e é um tema da maior actualidade em Portugal. Cuidar das nossas comunidades locais, prometer-lhes e assegurar-lhes futuro é inquestionavelmente uma tarefa nacional. Para tanto, aqui e como na generalidade dos países, teremos de olhar o futuro prospectivando as novas tendências das políticas de conservação, no sentido de articular a preservação da biodiversidade com o desenvolvimento económico e social e a investigação científica. Ora o contributo da inovação científica é essencial no domínio da reabilitação dos ecossistemas florestais degradados, não só nos domínios da biologia ou da silvicultura, mas ainda quanto à gestão económica dos recursos naturais.

Nesta perspectiva, a gestão florestal é um domínio que terá de ser considerado como gerador de emprego, de serviços, de riqueza. Contudo, este objectivo não ocorrerá de per si. Antes resultará de uma estratégia reflectida, participada, imbuída de rigor científico e de preocupação de genuína sustentabilidade, para além de uma profunda sensibilidade quanto aos valores paisagísticos e de ambiente em geral.

Todo o esforço que venho referindo terá todavia de ser conduzido com as populações e por elas. De facto, também neste domínio, só com o seu envolvimento é possível congregar eficazmente as vontades e os esforços necessários para vencer o desafio da recuperação e da valorização nacional e global.

Senhores participantes,

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Permitam-me que termine fazendo votos para que o decurso do tempo venha a permitir o juízo sobre a valia e importância dos vossos trabalhos em Lisboa.

Estou-vos grato por tudo aquilo que do vosso trabalho resultou de útil para o meu país. Mas porque perfilho uma perspectiva mais larga das coisas, felicito-vos pelo vosso empenho para o progresso generalizado das populações do Planeta, tantas delas vítimas das questões e dos problemas que as vossas especialidades científicas profissionais encaram com uma seriedade e um vigor progressivamente mais encorajantes.