Sessão de Abertura das Comemorações do 10.º Aniversário da Associação das Universidades de Língua Portuguesa

Fundação Calouste Gulbenkian
01 de Abril de 1996


E´ com muito agrado que presido a esta Sessão de Abertura do 10.º Aniversário da Associação das Universidades de Língua Portuguesa.
V. Ex.ª, Magnífico Reitor, teve a oportunidade de sublinhar o trabalho já realizado, os objectivos permanentes da Associação, e o essencial dos seus desafios futuros.

Permitam-me, portanto, que circunscreva as minhas palavras a breves considerações sobre a importância que atribuo a este estimulante projecto.

A língua portuguesa é hoje património comum de cerca de duzentos milhões de pessoas. É nela que se exprimem sociedades tão diversas e culturas que se espalham «pelas sete partidas do mundo». É em português que oficialmente se exprimem sete Estados independentes e o povo de Timor-Leste.

Vimos de um passado comum, vivido na diversidade das circunstâncias históricas que ditaram o tempo e o modo como se estabeleceram e consolidaram os contactos entre os povos que hoje se exprimem em português, como língua oficial.

Desse passado, desse longo, complexo e variado passado, uma coisa resulta evidente: ele é hoje um forte factor de união entre povos e de cooperação entre Estados.

Creio que nos encontramos hoje num momento de viragem da nossa história comum. Passados vinte anos sobre as independências dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, num fim de século onde a internacionalização das economias e a aceleração dos fluxos de informação aceleraram os ritmos e estreitaram os espaços, num momento onde a cooperação bilateral e multilateral entre os sete países atingiu um desenvolvimento nunca antes alcançado, neste momento, é a hora de dar uma nova forma institucional à cooperação internacional entre os países lusófonos.

Por isso atribuo tanta importância ao projecto de criação institucional de uma Comunidade de Povos de Língua Oficial Portuguesa.
A Comunidade Lusófona será um importante instrumento de cooperação entre os sete países, mas será, também, um instrumento essencial de projecção internacional comum desses mesmos países.

É neste sentido que esta Associação vem, já há uma década, desenvolvendo um trabalho tão importante.

Efectivamente, a cooperação no domínio universitário é indispensável ao intercâmbio científico e técnico, é essencial ao aperfeiçoamento dos níveis de qualificação profissional no espaço lusófono.

Cabe por isso às Universidades, públicas e privadas, um papel do maior relevo na cooperação multilateral. É até essa cooperação, feita entre espaços culturais tão diversificados e entre povos que para além da língua oficial portuguesa exprimem as suas culturas originais numa tão rica diversidade de línguas que melhor poderá assegurar o estudo dessas culturas e línguas, e promover o seu intercâmbio como forma de um mais profundo conhecimento cultural recíproco. É no reconhecimento da nossa diversidade que melhor poderemos sublinhar a nossa identidade como Comunidade Lusófona.

As futuras gerações podem esperar muito das vossas actividades.

Pela minha parte, posso assegurar o meu interesse no vosso trabalho e a disponibilidade de, por ele, fazer o que me for possível, no quadro das minhas competências, para que continue a desempenhar as suas nobres funções.