Sessão de Encerramento do II Congresso Nacional das Regiões de Turismo

Viana do Castelo
15 de Março de 1997


Permitam-me em primeiro lugar que manifeste a minha satisfação por presidir ao encerramento deste II Congresso Nacional das Regiões de Turismo que, segundo depreendo das conclusões que acabámos de ouvir, constitui uma importante contribuição para o debate das condicionantes e tendências da actividade turística.
O sector do turismo assume hoje, efectivamente, uma importância crucial para o nosso País. Reúnem-se características que o tornam especialmente apto a desempenhar no futuro um papel ainda mais relevante no nosso processo de crescimento, pese embora toda a importância que até agora tem adquirido.
É, naturalmente uma actividade para a qual todo o nosso território possui condições naturais excepcionais.
Mas o que torna o turismo uma actividade quase singular nos dias de hoje é o facto de, ao contrário da maior parte dos restantes sectores produtivos - seja na agricultura, indústria ou serviços - a modernização não implicar redução de postos de trabalho. Bem pelo contrário, turismo mais moderno pode significar mais postos de trabalho, embora, necessariamente, implique também mais qualificação de quem trabalha no sector.
Não são muitos infelizmente, os sectores para os quais se pode perspectivar, sem excesso de optimismo um crescimento simultâneo do número de postos de trabalho e da qualificação destes.
Uma segunda característica de grande importância decorre do facto de a localização ser um factor determinante da actividade turística.
Também aqui, e ao contrário de muitos outros sectores, o produto turístico tem características diferentes de acordo com o local onde é produzido.
Por isso, o turismo é um sector onde os aspectos locais e regionais estão necessariamente no centro da respectiva actividade produtiva.
Não é, pois de estranhar que quando se estuda e debate esta actividade, as questões regionais surgem em primeiro plano, como aliás o próprio tema deste Congresso muito claramente exprime.
O turismo, pela sua própria natureza, pode ter em muitos casos um papel determinante no desenvolvimento regional e constituir-se numa alternativa de progresso para as regiões ou áreas que não tenham possibilidade de desenvolver outro tipo de actividades produtivas.
A diversidade regional do nosso País que, de forma alguma põe em causa a forte coesão nacional de que, felizmente beneficiamos, permite a oferta de produtos turísticos também eles diversificados que evitam a monotonia desencentivadora do regresso dos que nos visitam ou mesmo da deslocação dos que cá vivem.
A consideração do nível regional é, assim um imperativo quando abordamos a actividade turística e sé-lo-à cada vez mais à medida que o produto turístico se torna mais sofisticado, incluindo uma maior componente cultural e de património artístico e histórico.
Não gostaria também deixar de abordar um terceiro aspecto que considero da maior importância.
Todos sabemos como, no passado, não tem sido fácil compatibilizar a actividade turística com as exigências ambientais. E não faltam, infelizmente, exemplos de verdadeiros atentados ao ambiente, em nome de um desenvolvimento mal compreendido do turismo.
Hoje, no entanto, torna-se cada vez mais nítido que a preservação ambiental não só não é inimiga do turismo como, pelo contrário é condição do seu desenvolvimento sustentado.
Também aqui uma abordagem regional poderá em muitos casos facilitar a necessária compatibilização.
Resta-me felicitar a Associação Nacional das Regiões de Turismo pela realização deste significativo Congresso e desejar que desta reflexão surjam ideias de acção que contribuam para o desenvolvimento e qualidade deste sector de tão largo futuro.