Sessão Solene de Abertura do XXIII Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Turismo

Funchal
29 de Novembro de 1997


Permitam-me, antes do mais, que exprima o meu sentido reconhecimento pelas palavras que S.Exa o Sr Presidente do Governo Regional da Madeira, quis ter a amabilidade de me dirigir. Quero, aliás, aproveitar a oportunidade que esta cerimónia pública me confere, para assegurar a V.Exa e a toda a população da Madeira que em 1998 farei uma visita oficial a esta Região Autónoma.
Dedicarei a essa visita o melhor da minha atenção. Fui sempre um defensor das Autonomias Políticas Insulares. Entendo que elas foram o melhor caminho para alcançar dois objectivos que me pareceram sempre essenciais: assegurar o desenvolvimento e garantir a coesão nacional. Nem sempre esse percurso terá sido fácil. Mas tenho uma convicção profunda: ele teria sido muito mais complexo, talvez mesmo inviável, se a solução constitucional não tivesse sido a da autonomia política. Teria sido mais difícil assegurar o desenvolvimento de regiões ultra-periféricas como a Madeira e os Açores e teria sido mais difícil o relacionamento político com o Continente.
Como V.Exa bem referiu, não é a autonomia política da Madeira - ou dos Açores - que põe em causa a unidade e a solidariedade nacionais.
A minha visita oficial a esta Região Autónoma, independentemente de deslocações pontuais como esta, será um momento privilegiado para estudar o balanço do que foi feito e de incentivar a solução dos problemas que importe resolver. É essa a missão do Presidente da República, ajudar a olhar em frente, incentivar o desenvolvimento, estimular a coragem para ultrapassar problemas e fomentar o diálogo porque ele é aconselhável ao relacionamento institucional.
Mas, para além disso, essa visita será a oportunidade porque anseio para estreitar o contacto com a população da Madeira. Por isso aqui fica o meu compromisso de visita oficial, em data a combinar, no ano de 1998.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Quero felicitar a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo pela realização deste XXIII Congresso Nacional, que constitui uma ocasião privilegiada de discussão das potencialidades e problemas do sector.
O sector do turismo assume hoje no nosso país uma importância excepcional, que resulta em primeiro lugar de a procura de serviços de turismo ser uma das mais dinâmicas das sociedade contemporâneas.
Efectivamente, ao contrário de muitos produtos industriais ou agrícolas cuja procura tem tendência à estagnação ou mesmo ao retrocesso quando o nível de vida aumenta, o turismo vê crescer a sua procura quando as sociedades se tornam mais ricas. A sua contribuição para a riqueza nacional tem assim tendência a assumir um peso crescente dentro do conjunto das nossas actividades produtivas.
Por outro lado, o turismo é um sector criador de empregos e este é um aspecto que me não canso de salientar. Hoje, não é fácil encontrar actividades geradoras de novos postos de trabalho e que, simultaneamente, tenham mais necessidade de trabalho qualificado. Em muitos outros sectores, mais mão de obra qualificada significa menos postos de trabalho. Não é assim no turismo onde há lugar para uma expansão quantitativa associada à necessidade de melhorias qualitativas.
Um outro ponto que gostaria de salientar porque a ele sou particularmente sensível, são as potencialidades do turismo enquanto sector promotor do desenvolvimento regional. Não é preciso, aliás, ir mais longe na procura de um bom exemplo do papel do turismo no desenvolvimento regional. Basta olhar à nossa volta, aqui, na Madeira, para constatarmos essa importância e a dimensão não só económica mas também social, cultural e internacional que deu a esta Região Autónoma.
A redução das disparidades económicas, sociais e culturais entre as diversas zonas do território nacional é um objectivo a que devemos votar o melhor dos nossos esforços. O Turismo apresenta, visto nesta perspectiva, enormes potencialidades.
Quero ainda deixar uma nota sobre as relações entre o ambiente e o turismo que têm sido relações complexas e nem sempre fáceis de arbitrar. Muitas vezes a mira dos lucros imediatos leva a destruir ou a danificar irremediavelmente zonas de grande valor paisagístico e ambiental. É verdade que continuamos a possuir um invejável património paisagístico, mas também é verdade, infelizmente, que se cometeram agressões ambientais irreversíveis.
Hoje os parâmetros de ordenamento devem ser rigorosamente respeitados, independentemente da dimensão económica do investimento a realizar. Sem respeito integral por regras de ordenamento do território não é possível garantir o salto qualitativo que o sector do turismo tem hoje de enfrentar para vencer os desafios colocados por consumidores com critérios cada vez mais exigentes de qualidade e de preservação do ambiente.
Entre ambiente e turismo não deve haver conflito, pelo contrário, pode e deve haver complementaridade de esforços. Na verdade, à medida que o mercado se torna mais exigente a qualidade ambiental passa a ser um imposição do próprio consumidor e o desenvolvimento da actividade começa a exigir mais qualidade.
O mesmo se pode afirmar em relação ao património e à cultura em geral. Uma parte da nossa herança cultural encontra hoje maiores possibilidades de continuidade e de divulgação na sua aliança com a actividade turística, que por sua vez dela tira também benefícios importantes.
A consciencialização dos agentes económicos e das autoridades de todos os níveis para estas questões é cada vez mais nítida e demonstra que entrámos numa fase de maturidade na forma de olhar para o turismo em Portugal.
Por todas estas razões encaro com confiança o futuro das actividades turísticas, com a mesma confiança, aliás com que encaro o futuro de toda a nossa economia no momento em que nos preparamos para entrar na moeda única.
A nossa próxima entrada no grupo de países que adoptarão o euro cria para todas as nossas actividades económicas novas oportunidades de desenvolvimento mas obriga também a adaptações que devem ser realizadas de forma consciente e em tempo útil. Tanto quanto sei, o estudo desta questão, tal como ela se põe ao vosso sector, tem sido uma preocupação consistente da APAVT e esse é, sem dúvida, um motivo adicional de congratulação para o Presidente da República.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
As agências de viagens estão, como sabemos na primeira linha da actividade turística e do seu dinamismo depende em grande parte o progresso desta actividade. Não podia, por consequência o Presidente da República deixar de estar presente num acontecimento que se refere a uma actividade tão significativa para o nosso País. Desejo por isso à APVT e a todos VExas um pleno sucesso nos trabalhos do Congresso e formulo votos do maior êxito para as vossas actividades empresariais.