Ao Conde de Barcelona, Don Juan de Bórbon (No acto de descerramento do seu Busto)

Cascais
19 de Setembro de 1997


É com uma sentida emoção que me associo a esta homenagem singela à memória de Sua Alteza Real o Conde de Barcelona.
Em Don Juan de Borbon, aprenderam os portugueses a admirar e a respeitar um Homem íntegro, dotado de uma riquíssima personalidade, um exemplo para todos quantos lutavam pela liberdade e pela justiça.
Sem alardes inúteis, mas com firmeza, defendeu sempre princípios, nunca cedendo naquilo que considerava essencial para o futuro do seu país. Homem de Estado, soube sempre colocar os interesses de Espanha acima das conjunturas, do seu bem-estar pessoal e das pequenas motivações.
Afável e sorridente, nunca se deixou impressionar por soluções fáceis e soube mostrar-se intransigente na defesa do essencial e do perene: as condições que considerava indispensáveis para que a Espanha se reencontrasse com a democracia e assumisse, por inteiro, o lugar que lhe cabia na Europa.
Nunca a esperança esmoreceu em Don Juan, mau grado todas as vicissitudes. Agiu sempre conforme a sua consciência de homem íntegro lhe ditava e teve a satisfação íntima da realização do seu sonho.
A História deu-lhe razão.
E no momento em que via o seu sonho realizado, soube dar-nos mais uma insigne lição de modéstia, de clarividência política e de sentido de Estado.
Mas, no Conde de Barcelona, tiveram sobretudo os portugueses um grande Amigo; um Amigo sincero e leal, nos bons e nos maus momentos; um Amigo que nos conhecia como poucos, que nutria por nós um carinho muito especial, um Amigo que muito nos honrou e muito nos sensibilizou com a sua amizade.
Que me seja permitida também uma palavra de respeito e de reconhecimento à Senhora Dona Maria de las Mercedes, cuja personalidade e exemplo permanecem também tão vivos entre nós. Peço-lhe, Alteza, que transmita a Sua Mãe o sentido desta homenagem e a admiração sincera, a amizade e o respeito de Portugal pelo Conde de Barcelona.
Esta homenagem que hoje lhe prestamos - nesta terra onde viveu tantos anos, tão perto do mar que tanto amava, onde conheceu grandes alegrias e profundas tristezas - esta justa homenagem, dizia, testemunha dessa amizade e desse carinho recíprocos, assim como do profundo reconhecimento dos portugueses pela sua notável acção em prol da democracia e do entendimento fraterno e solidário entre Espanha e Portugal.