Discurso de Encerramento da Expo98


30 de Setembro de 1998


Senhor Presidente da Assembleia da República

Senhor Primeiro Ministro

Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares, demais Membros do Governo,

Senhores Deputados

Senhor Presidente da Junta Metropolitana de Lisboa

Senhor Presidente do Bureau International d'Expositions

Senhor Comissário-Geral da Expo'98

Senhores Comissários dos Países Representantes

Ilustres Convidados e Ilustres Autoridades civis e militares

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Com este acto assinala-se o encerramento da Exposição Mundial de Lisboa, que inaugurámos no dia em que se cumpriram quinhentos anos da chegada por mar de Vasco da Gama à Índia.

Encerra a Expo'98, mas continuam a sua mensagem fundamental, o projecto de que ela é o motor, a memória que deixa e o seu exemplo.

Continuam a sua memória e o seu exemplo, porque a Exposição constituiu um grande acontecimento humano, cultural e científico com uma enorme projecção internacional, que contribuiu para reforçar a coesão e a identidade nacionais. Nela Portugal se revê com orgulho e com um sentimento de dever cumprido. Foi um acontecimento que buscou inspiração num momento único da nossa História, revelando a sua actualidade e mostrando o seu alcance universal. O apelo que a Exposição fez ao conhecimento e à cultura científica é também um valor que deve ser permanentemente valorizado e desenvolvido.

Quaisquer que eventualmente possam ser os reparos que se possam fazer a um ou outro aspecto de uma empresa desta dimensão e complexidade, tem de se reconhecer que o seu saldo de realização é esmagador e imensamente positivo.

Com este encerramento, também não acaba a mensagem fundamental da Exposição, pois é uma mensagem que tem a ver com o futuro do Planeta. A importância dos oceanos e da água como uma questão de sobrevivência da humanidade foi aqui posta em evidência, revalorizada e ampliada. Portugal permanecerá activo e fiel ao dever de fazer com que ela continue presente e constitua uma preocupação fundamental.

Finalmente, o projecto de que a Expo foi o motor não acaba. Trata-se de um vasto projecto de recuperação e regeneração urbana, que ficará para sempre ligado a este acontecimento e ao seu significado, devendo ter uma grande exigência de qualidade, de visão ampla, de rigor e de transparência.

Neste momento, quero renovar solenemente o reconhecimento de Portugal a todos os que, com a sua orientação, o seu trabalho, a dedicação e o seu esforço, contribuíram para que a Exposição Mundial de Lisboa fosse uma grande realização e um êxito de que nos devemos orgulhar.

Saúdo calorosamente todos os países que aqui estiveram representados, na espantosa diversidade das suas propostas, e agradeço ao Bureau Internacional d'Expositions e ao seu Presidente a confiança e o apoio que nos prestou. Juntamente com a bandeira que lhe irá ser simbolicamente entregue, pedimos à ilustre Comissária-Geral da Exposição de Hanôver que receba os nossos sinceros votos de êxito.

Saúdo todos os cidadãos que fizeram também o quotidiano militante.

Seja-me permitido, a terminar, uma nota pessoal: quer por dever oficial, quer por gosto e interesse pessoal, fui um frequentador assíduo da Expo'98. Vi alguma coisa do muito que havia para ver, aprendi, admirei a qualidade e a organização, desfrutei a alegria e a festa, falei com as pessoas, portugueses e estrangeiros, ouvi os jovens e apreciei o seu entusiasmo, recebi visitantes ilustres, Chefes de Estado e de Governo, personalidades da cultura, da ciência, da política, da economia. De todos recebi o testemunho de profunda admiração e respeito por Portugal, pelo povo português e por esta Exposição.

Entendo dever partilhar, hoje, com todos os portugueses estes múltiplos testemunhos de apreço que nos foram dirigidos. Sei que serão recebidos como eu os recebi: com um sentimento de responsabilidade perante nós próprios e perante os outros e com a consciência de que esse é um capital precioso que temos e devemos continuar a valorizar.

Neste dia que é de festa, também de alguma nostalgia e sobretudo de confiança no futuro, guardemos a mensagem humanista da Exposição Mundial de Lisboa e renovemos a nossa vontade de construirmos um Mundo mais justo e mais pacífico.

Para isso, continuaremos a nossa acção em defesa de uma nova ética na relação do Homem com a Natureza. Sabemos que essa é uma condição indispensável da paz, do equilíbrio e da solidariedade. Sabemos que é esse o nosso dever mais urgente para com as gerações que nos sucederão, prosseguindo a aventura humana.

Foi nesse espírito que se realizou a Expo'98. Por isso, podemos dizer que ela terá continuidade nas causas e nos objectivos que foram os seus e que continuarão a ser os nossos.