25º Aniversário da AR.CO


26 de Novembro de 1998


A minha presença aqui não é um mero gesto formal. Encontro-me nesta Sessão Comemorativa do 25º Aniversário do Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co), num acto de reconhecimento e apreço por uma instituição que é um marco em Portugal, no ensino, divulgação e experimentação nas artes plásticas e que manteve, ao longo deste quarto de século, um notável nível de qualidade e exigência, de que é sinal, na actualidade, a elevada procura dos seus cursos e actividades.
   
Esta situação de prestígio tão justa foi alcançada pelo Ar.Co graças a um esforço permanente, a uma articulação eficaz de vontades e, sobretudo, a uma elevada dose de criatividade e de ambição pedagógica e artística. Neste momento, quero saudar os seus fundadores - entre os quais Graça Costa Cabral e Manuel Costa Cabral - pelo seu sentido de futuro e a sua largueza de visão.
   
Este projecto nasceu como centro cultural, escola e atelier de arte independente, e desenvolveu-se no intuito de experimentar novos métodos, práticas de formação e experimentação. Este programa deu assinaláveis resultados.
   
De facto, o Ar.Co, nascido antes da Revolução de Abril, foi, verdadeiramente portador, "avant-la-lettre", dessa vontade de renovação, irreverência e espírito de aventura, que são apanágio de democracia.
   
Foi graças a essa atitude que conseguiu vencer, afirmar-se e constituir-se como um marco do ensino artístico, uma escola de referência, com uma actividade cultural que ultrapassa muitíssimo o tradicional âmbito escolar e tem contribuído para a renovação e dinamização das nossas artes plásticas. Nesse sentido é um símbolo e a sua lição deve ser apreendida.
   
De facto, torna-se necessário, cada vez mais, a promoção do ensino artístico de forma sistemática, desde os primeiros anos do ensino básico, como meio de desenvolvimento da criatividade, da autonomia, do espírito crítico, do equilíbrio emocional dos alunos e como processo de orientação vocacional. Quantas vocações se perdem por falta de oportunidades de aprendizagem artística?
   
É importante também reforçar a vida cultural e artística das escolas e a sua ligação à comunidade, no quadro de uma autonomia crescente que todos desejamos.
   
Neste dia de festa, saúdo todos os que contribuíram para fazer, consolidar e prestigiar esta Escola e digo-lhes que o esforço e o trabalho desenvolvidos deram frutos valiosos. A obra está à vista, sólida e com capacidade de aumentar e enriquecer.
   
O Grau de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique que atribuo, com muito gosto e justiça, à Ar.co representa o reconhecimento do papel pioneiro que teve e do seu trabalho. Traduz ainda o voto de que este Centro prossiga, com o mérito e o brilho que nos tem habituado, uma actividade tão necessária e útil para a nossa educação e a nossa cultura.