Discurso do Presidente da República por ocasião das Comemorações do Centro Histórico de Guimarães como Património Cultural da Humanidade

Guimarães
22 de Dezembro de 2001


-Senhor Primeiro-Ministro
-Senhores Membros do Governo
-Senhor Embaixador de Portugal junto da UNESCO
-Senhores Presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal de Guimarães
-Senhor Arcebispo Primaz de Braga, Excelência Reverendíssima
-Magnífico Reitor da Universidade do Minho
-Distintas Autoridades
-Minhas Senhoras e Meus Senhores

A classificação pela UNESCO do Centro Histórico de Guimarães como Património da Humanidade é um motivo de justo regozijo para os vimaranenses e para Portugal, com acrescida satisfação por termos assistido, ao mesmo tempo, à classificação como Património da Humanidade do Alto Douro Vinhateiro. O continuado trabalho que aqui se realizou, durante dezoito anos, representa um notável esforço de estudo e preparação de uma candidatura que, exemplarmente, soube envolver a população. A classificação como Património da Humanidade deve-se, em larga medida, à dedicação, ao empenhamento e ao rigor desse trabalho.

Quero, por estes motivos, saudar e felicitar a Câmara Municipal de Guimarães e o seu Presidente, Dr. António Magalhães, toda a organização e entidades envolvidas neste processo, especialmente a Senhora Arq. Alexandra Gesta que dirigiu a dedicada e competente equipa técnica.

Neste momento de festa e de celebração, aliás bem merecido, precisamos de encarar os desafios e as novas exigências desta classificação, para lançar os novos projectos para o futuro.

Os reflexos desta classificação, nos sectores do turismo, da cultura e da economia, podem ser preciosos e há que encarar o desenvolvimento das potencialidades e recursos de uma forma equilibrada, com elevado grau de qualidade e com o envolvimento de todos, como até aqui se tem feito.

O simbolismo do Centro Histórico e a relação desta urbe com a fundação da Nacionalidade exigem políticas de defesa e intervenção no património com acrescidas responsabilidades. A classificação como património da Humanidade não é uma mera menção honorífica e implica redobrada atenção ao espaço edificado e à sua vivência.

A preservação dos valores patrimoniais deve constituir uma prioridade fundamental. Essa prioridade não é, aliás e ao contrário do que às vezes se pensa, incompatível com uma visão moderna e de futuro. Penso mesmo que é uma condição de desenvolvimento sustentado e de progresso com sentido humanizador.

Os países mais desenvolvidos têm sabido preservar e rentabilizar o seu património, valorizando a sua identidade. Estabelecer uma falsa dicotomia entre passado e futuro, identidade e universalidade, memória e modernidade releva uma visão estreita. Sabemos que estas dimensões podem e devem ser conciliadas, potenciando-se umas às outras. É impossível pensar na história de Portugal sem pensar em Guimarães. Isso, que representa uma riquíssima herança e um privilégio, implica também uma responsabilidade a honrar.

Neste dia, é-me muito grato sublinhar o esforço e grande apoio da população que, desde o início do processo, soube entender e empenhar-se na defesa do Centro Histórico da Cidade. Como Presidente da República, saúdo a população de Guimarães e associo-me ao seu júbilo. Seja-me permitido também uma nota pessoal: os laços familiares e afectivos que me ligam a esta cidade, deixam-me pessoalmente orgulhoso por todo o trabalho aqui realizado e por esta classificação. Em Guimarães, aprendi a fidelidade às raízes, de uma forma que me marcou desde muito jovem.

A minha presença nesta celebração significa o mais alto testemunho de reconhecimento de Portugal pelo trabalho realizado e pela classificação do Centro Histórico de Guimarães ao Património da Humanidade.

Parabéns e muito obrigado.