Discurso do Presidente da República por ocasião da Homenagem ao Dr. Sales Lane

Lisboa
25 de Março de 2002


É com muito gosto que estou hoje, aqui, para prestar homenagem a Geraldo Sales Lane, que durante décadas deu a esta Casa a sua dedicação total e o seu talento.

Homem generoso, liberal (no melhor sentido da palavra), culto e refinado, advogado ilustre, Sales Lane fez do Grémio Literário a sua casa e a casa de todos os sócios. Em períodos difíceis, afirmou sempre a autonomia do Grémio e soube criar um clima de liberdade e tolerância. Se nos lembrarmos que, antes do 25 de Abril, muitas das figuras proeminentes da Oposição à ditadura eram sócios do Grémio, compreendemos o estatuto verdadeiramente excepcional desta instituição, que, aliás, foi assim fiel às suas origens e ao espírito com que foi fundada.

Durante o "consulado" de Sales Lane o Grémio esteve no centro dos debates políticos e culturais. Por aqui passaram figuras grandes da cena internacional; aqui foram acolhidos os mais prestigiados intelectuais. A actividade do Grémio foi, nestes domínios, modelar e também pioneira. É bom lembrar isto e lembrar sobretudo o que isto representava num País fechado e isolado. Depois da Revolução, o Grémio continuou a ser um clube feito de diversidade e de convívio civilizado e plural.

Neste momento em que reduz as suas responsabilidades para, merecidamente, descansar mais um pouco, quero, manifestar a Geraldo Sales Lane o reconhecimento do País pela sua dedicação ao Grémio, que o mesmo é dizer, à cultura e ao associativismo. Quero também manifestar-lhe a minha estima e o meu apreço.

Ao condecorá-lo com a Comenda da Ordem do Mérito, presto homenagem à sua notável acção e desejo-lhe as maiores felicidades pessoais.