1ª Conferência sobre Internacionalização


11 de Fevereiro de 1999


Gostaria em primeiro lugar de felicitar o FIEP pela realização desta 1ª Conferência sobre Internacionalização.

Com efeito, dificilmente se podia encontrara um tema mais oportuno no que respeita à reflexão do futuro da nossa actividade empresarial.

Algo de muito importante tem vindo a mudar nas atitudes das nossas empresas face à internacionalização e de uma forma e a um ritmo que seriam impensáveis há apenas alguns anos atrás.

As estatísticas demonstram-no e eu próprio o tenho constatado nas deslocações internas e externas que realizo, em que a componente empresarial tem tido e continuará a ter um papel muito significativo.

Muita coisa mudou, efectivamente.

Ao contrário do que sucedia ainda há bem poucos anos atrás, hoje admite-se como perfeitamente normal e desejável que uma empresa portuguesa invista em actividades produtivas no estrangeiro sem se considerar que, por esse facto se está a prejudicar o crescimento económico nacional.

Com efeito, é natural e salutar que as empresas portuguesas, tal como as suas congéneres estrangeiras, procurem os destinos do investimento mais compatíveis com as suas opções estratégicas.

Ao fazerem isso estão muitas vezes a aumentar as possibilidades de desenvolvimento das suas actividades que continuam a sediar-se no nosso país e estão até frequentemente, a abrir novas possibilidades de negócio para outras empresas nacionais.

Uma forte presença do tecido empresarial português em outras regiões do globo é uma porta aberta para o desenvolvimento de novas actividades empresariais nacionais.

E não só em termos quantitativos. As novas oportunidades internacionais, que por essa via se abrem, impõem também novos padrões de qualidade, com efeitos benéficos no tecido empresarial.

A questão da Qualidade é um tema a que atribuo particular significado e que tem tido um lugar importante na minha acção enquanto Presidente da República.

Por isso não posso deixar de ligar os aspectos da internacionalização aos aspectos da Qualidade, como condição, certamente, mas também como efeito da internacionalização.

A Qualidade não é só uma questão das empresas. É uma verdadeira questão nacional que abrande serviços públicos, sistema de ensino e formação profissional, justiça.

Temos, também, neste domínios, de acelerar a adopção de padrões internacionais.

Existe muitas vezes a ideia de que a internacionalização é algo que interessa apenas às empresas ou grupos económicos de grande dimensão.Julgo que esta ideia é errada.

A inserção de médias ou até pequenas empresas em redes internacionais, onde, sem perderem a sua personalidade, adquirem condições para desenvolver a sua própria actividade e contribuir positivamente para o progresso da rede onde se inserem, é certamente uma das formas mais eficazes de garantir a sua continuidade e crescimento.

Existem já hoje, felizmente bastantes casos de sucesso neste domínio, mas temos de reconhecer que ainda estamos longe do integral aproveitamento de todas as nossas potencialidades.

Do meu ponto de vista temos hoje todas as condições para continuar e até alargar o esforço de internacionalização empresarial que tem sido tão evidente nos últimos anos.

Membros da União Económica e Monetária europeia, dotados hoje de um bom sistema de comunicações, beneficiando de fortes laços culturais e históricos com muitos países do mundo e mantendo importantes comunidades portuguesas em vastas regiões do Globo, não existe nenhuma razão que nos impeça de desempenhar, a nível empresarial, um papel internacional significativo.

Não se trata de uma ambição megalómana. É antes uma aposta necessária se queremos atingir, como temos todo o direito e todas as condições, os níveis de desenvolvimento da generalidade dos nossos parceiros comunitários.

Pela minha parte - e como é geralmente sabido - tenho por norma incluir uma componente empresarial significativa nas visitas oficiais que realizo no exterior.

Continuarei a fazê-lo, porque considero que, para além dos úteis contactos que se estabelecem, tal presença vale também como afirmação de uma nova atitude da nossa sociedade face à internacionalização.

Gostaria pois mais uma vez de felicitar o FIEP por esta realização e esperar que das discussões havidas possam surgir novas ideias de actuações no sentido do desenvolvimento da internacionalização da economia portuguesa.