Seminário "Fazer Bem para Viver Bem"


24 de Fevereiro de 1999


Gostaria, em primeiro lugar de me congratular pela realização deste seminário, subordinado ao tema "Fazer Bem para Viver Bem".

Conforme porventura se recordarão não é a primeira vez que tenho a oportunidade de testemunhar a dinâmica da Associação Industrial Portuguesa e do Programa Infante enquanto instrumento de promoção da Qualidade.

A minha presença em nova realização no seu âmbito deve ser entendida como mais um testemunho da importância que atribuo ao tema da Qualidade e à sua promoção.

Tenho com efeito, para mim, que a Qualidade não é, para o nosso País, apenas um slogan publicitário ou mais uma dessas efémeras modas da gestão empresarial que, como sabemos, nascem e desaparecem a uma velocidade vertiginosa.

De forma nenhuma. Para Portugal, a Qualidade é hoje uma aposta crucial e que está no centro da transição que estamos a operar no nosso modelo tradicional de crescimento.

Conforme já tenho afirmado, nas últimas quatro ou cinco décadas seguimos um modelo de desenvolvimento assente nas vantagens competitivas próprias das economias menos desenvolvidas, ou seja, em mão de obra barata e em recursos naturais aproveitados com reduzida transformação.

Aproveitámos essa vantagens competitivas e aproveitámo-las bem, uma vez que nos conseguimos aproximar muito significativamente dos níveis de vida dos países mais ricos.

Mas um modelo destes é, como se sabe, vítima do seu próprio êxito.

Hoje não podemos continuar a assentar o nosso desenvolvimento em actividades de qualidade inferior e tecnologicamente obsoletas.

Sabemos todos que não é fácil introduzir em toda uma sociedade um valor como a Qualidade quando os padrões tradicionais apontam muitas vezes para a rotina e para a rejeição - dir-se-ia até a penalização - da inovação.

E isto é válido tanto no que se refere às empresas, como aos consumidores ou ao Estado.

Mas também devemos reconhecer que as atitudes na sociedade portuguesa têm evoluído muito rapidamente nos últimos anos.

O aumento das taxas de escolarização, os investimentos feitos em formação profissional, o desenvolvimento da investigação e de uma nova cultura científica - que começa a ser um facto - e a maior exigência de consumidores constituem sinais muito positivos e uma garantia de que estamos agora aptos a prosseguir um novo modelo de crescimento.

Modelo que tem de assentar na Qualidade, no Rigor, na Inovação e na adopção das novas tecnologias.

Quase se diria que não se trata sequer de uma opção que esteja em aberto. A nossa integração na Europa e a nossa inserção na União Económica e Monetária não nos permitem utilizar por mais tempo os instrumentos macroeconómicos que no passado tivemos de utilizar para viabilizar o modelo tradicional de crescimento.

O espaço europeu é um espaço onde só a Qualidade tem futuro e seria um erro trágico pensar que podemos encarar as próximas décadas do nosso caminho na Europa segundo padrões que estavam porventura adequados nos anos sessenta ou setenta mas que hoje nos condenariam a um atraso irremediável.

Como tive hoje oportunidade de testemunhar e como tenho também constatado nas múltiplas visitas que venho realizando a actividades empresariais ou a instituições de ensino, temos já muitos empresários, cientistas e técnicos que sabem colaborar entre si para produzir bem.

É necessário que sejam cada vez mais.

Por isso considero da maior importância a realização de programas que, como o Programa Infante, incentivam e promovem a qualidade.

Trata-se, além de tudo o mais, de um excelente exemplo de como entidades associativas como a Associação Industrial Portuense, ao promover a Qualidade, podem exercer uma actividade de grande importância para o País ganhar uma aposta que não é só das empresas.

Que constitui, afinal um desafio inadiável que todos nós, em conjunto temos de vencer.