Declaração sobre Timor-Leste
7 de Abril de 1999
 
 

Tenho estado a acompanhar, em permanência e com grande preocupação, a multiplicação de incidentes, de gravidade crescente, em Timor-Leste.

Há poucas horas, estive em contacto com Sua Excelência Reverendíssima o Bispo D. Carlos Ximenes Belo, e pude obter a confirmação do bárbaro massacre de Liquiçá.

Transmiti ao Bispo de Dili a mais viva condenação de Portugal e pedi-lhe que apresentasse aos familiares das vitimas os meus votos de profundo pesar e de solidariedade.

As autoridades indonésias não podem deixar de ser responsabilizadas perante a comunidade internacional pela onda de violência contra as populações civis por parte de milícias armadas, que visam instalar um estado de instabilidade permanente em Timor-Leste e procuram comprometer as conversações em curso sob a égide do Secretário-Geral das Nações Unidas.

Pelo seu lado, Portugal continua empenhado em prosseguir essas conversações, cuja finalidade é garantir o exercício livre e democrático do direito de autodeterminação e restaurar a paz em Timor-Leste, no mais breve prazo possível.

Nesse quadro, reiterei hoje ao Secretário-Geral das Nações Unidas a urgência de assegurar uma presença efectiva das Nações Unidas em Timor-Leste, indispensável para garantir a estabilidade no Território.

Neste momento difícil, entendo ser meu dever dirigir um apelo a todos os Timorenses de boa vontade para que oponham à violência o exemplo de maturidade e contenção que tem distinguido a acção dos seus principais dirigentes cívicos e políticos, nomeadamente os Bispos de Dili e de Baucau e Xanana Gusmão nos seus esforços para institucionalizar uma Comissão de Estabilidade e Reconciliação. Esse exemplo é penhor da admiração e da solidariedade dos Portugueses e do apoio crescente da comunidade, internacional à luta dos Timorenses pela sua liberdade.