Congresso Portugal-Brasil, Ano 2000

18 de Junho 1999

Excelências,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
 

É com o maior prazer que me associo à louvável iniciativa de realização deste Congresso, que ao longo das suas diversas sessões se ocupará de um tão vasto leque de temáticas.


A sua realização insere-se no conjunto de efemérides que de um lado e do outro do Atlântico, em conjunto ou de forma autónoma, Brasil e Portugal programaram para comemorar os 500 anos da Descoberta do território que viria a ser o Estado do Brasil.


Compreendi esta iniciativa como um projecto virado para o Futuro e por isso a ela quis dar o testemunho do meu interesse e empenho acompanhando o projecto desde que o Sr. Professor Ernani Lopes me o apresentou até à minha presença hoje aqui.


Espero que o conhecimento reciproco, as experiências, os conhecimentos e os contactos que este vasto Congresso permite possam servir, ao longo deste ano de trabalhos, de base quer ao reforço da cooperação técnico-científica entre os dois países – e que é já muito grande, devo sublinhar – quer ao desenvolvimento regular de iniciativas deste tipo que permitam, de tantos em tantos anos, fazer balanços sectoriais desse relacionamento.


E se algum desejo posso fazer é o de que se pense conjuntamente em promover uma iniciativa idêntica para as áreas das ciências exactas e das novas tecnologias.


Faço votos de que as sessões que se seguirão ao longo de um ano, em ambos os países, correspondam plenamente às expectativas criadas e que dos seus trabalhos resulte um contributo valioso para as comunidades cientificas que tão entusiasticamente responderam a esta iniciativa.


Minhas Senhoras e meus Senhores,


Tive a honra e o privilégio de ter sido convidado em 1997 pelo Senhor Presidente Fernando Henrique Cardoso para com ele comemorar, em Brasília o 7 de Setembro, Dia Nacional do Brasil. Esse convite pleno de simbolismo, essa inesquecível e comovente cerimónia ficará, talvez, como o mais importante acto de comemoração conjunta dos 500 anos de história que celebramos.


Nesse dia, os dois presidentes, testemunharam aos dois países que o passado serve de elo da memória comum, mas que só um relacionamento moderno, liberto de preconceitos, baseado no presente e virado para o futuro, pode assegurar a vitalidade das relações, que se querem perenes, entre os dois países.


Estas comemorações devem representar, por isso, acima de tudo, a oportunidade que nos é oferecida para nos redescobrirmos reciprocamente.


Para divulgar em Portugal a realidade pujante e fascinante que é o Brasil moderno e que por vezes é tão pouco conhecida dos Portugueses. E, naturalmente, a oportunidade para dar também a conhecer no Brasil o Portugal moderno, este país europeu, pequeno – pequeníssimo para a dimensão brasileira - e distante, mas que conquistou hoje uma tão importante posição no ranking do investimento externo no Brasil. e , também, na diversidade das suas responsabilidades na cena internacional.


Este “achamento” recíproco dos dois países tem vindo a acontecer de forma acelerada nos últimos anos e é importante aproveitar esta dinâmica comemorativista para o aprofundar.


Para a história deve olhar-se através do olhar do presente. E não deixar que a história se auto imponha com perspectivas fixistas e imutáveis do que cada um dos povos foi individualmente ou na sua relação histórica. É esse olhar liberto e moderno que permite alijar a carga inútil dos estereótipos que, com razão ou não, pouco importa, ao longo da história fomos criando uns dos outros.


Nós, os que temos a responsabilidade de comemorar estes 500 anos, não temos nenhum fardo do passado a carregar. Sentimos, e temos orgulho em sentir, a responsabilidade de poder fazer um pouco de história ao contribuir para fortalecer o conhecimento sobre as modernas realidades dos nossos países.


Quinhentos anos são muitos anos em comum. Qualquer que seja a leitura que hoje se faça desse longo período histórico, a sua duração impõe-se por si própria como um facto histórico notável.


Para Portugal é um motivo de enorme prazer que o Brasil tenha hoje gosto em associar Portugal às suas Comemorações dos 500 anos.


Uns e outros olhamos para esse meio milénio de forma diferente e por isso, naturalmente, o comemoraremos também de forma diferente. Cada um procurando os meios que em cada país melhor possa dar uma dimensão nacional e popular a essas celebrações.


O comemorativismo tem, normalmente, muita liturgia e pouca ligação às pessoas. É preciso ser menos formal e procurar atingir mais as populações, levá-las a compreender a importância de que hoje se reveste a nossa relação e, se possível, através disso, dar-lhes a conhecer um pouco da nossa história comum.


Para isso, temos ao nosso dispor instrumentos poderosos. Em primeiro lugar, a língua, esta lindíssima língua comum em que todos nos exprimimos e em que nos entendemos, mesmo quando no Brasil nos dizem que o nosso português tem um “sotaque saboroso”.


Temos, depois, duas culturas riquíssimas, desde a mais erudita à mais popular, da música à literatura ou às artes plásticas e para a qual existe, em ambos os países, uma enorme curiosidade e apetência.


Temos ainda esse património valiossíssimo que é o facto de pertencermos a espaços económicos diversos – a União Europeia e o Mercosul – mas que cada vez mais procuraram estreitar relações e criar complementaridade.


Temos tudo, enfim, para podermos fazer destas Comemorações dos 500 anos da Descoberta do Brasil um momento de aposta forte no futuro do nosso relacionamento e para fazer das efemérides um momento de contacto vibrante entre os dois países, um momento de festa, alegre e popular. É que, não é apenas importante que os dois estados cooperem com maior intensidade. É muito importante que os dois povos se conheçam melhor e se sintam mais próximos.


Felicidades para os vosso trabalhos futuros.