Visita de Estado à Irlanda

01 de Junho 1999

Lord Mayor,

Minhas Senhoras e meus Senhores



Quero agradecer-lhe Lord Mayor, o tão simpático acolhimento que esta bela cidade de Dublin, na pessoa de Vossa Excelência e da sua Corporação, me dispensou assim como a todos os que me acompanham.


Esta minha visita traduz uma homenagem sincera que quero prestar a todos os seus habitantes, assim como testemunhar a minha muito forte convicção quanto ao papel essencial das cidades na construção de uma Europa mais solidária, com instituições mais próximas dos seus cidadãos.


Como sabe, exerci durante vários anos as exaltantes funções de Presidente da Câmara de Lisboa. Conheço assim bem a complexidade da gestão diária da vida de uma cidade e as exigências específicas e legítimas que são colocadas pelos cidadãos às suas municipalidades.


Quase sempre, cabe à administração municipal fazer face, em primeira linha, a muitos dos graves problemas com que as nossas sociedades modernas se defrontam, procurando respostas eficazes e imaginativas, abrindo caminhos para o progresso e o bem-estar.


Creio, igualmente, que as municipalidades são chamadas a desempenhar uma importante função enquanto promotoras da actividade económica, criando emprego, tornando-se apelativas para os investidores, buscando formas de conjugar intervenções públicas e privadas, contribuindo, em suma, para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e para a melhoria do tecido urbano.


Dublin tem sabido corresponder com acerto a estes desafios, constituindo um caso particularmente feliz de harmonia entre a modernidade e a tradição; uma harmonia onde reside, de alguma forma, o segredo do encanto das cidades com uma História tão viva e tão rica, como é a desta capital.

Como Lisboa, Dublin é uma cidade aberta ao mundo. O seu porto foi ponto de chegada, de passagem e de partida para muitos, de gente anónima e de personalidades ilustres. Esta constante troca de experiências, de conhecimentos, de ideias, moldou a vida desta cidade e contribuiu para o prestígio de que merecidamente goza.


Também àqueles que aqui nasceram e viveram deve Dublin algo da sua magia. Sem esquecer todos os outros dublinenses ilustres, permito-me salientar os nomes de Oscar Wilde, Jonathan Swift, Bernard Swaw e, naturalmente, James Joyce. Como Pessoa, em relação a Lisboa, o autor de “Dubliners” inscreveu a cidade entre os lugares emblemáticos da literatura universal.


Dublin é, de resto, para além da justa fama literária de que desfruta, um importante centro cultural da Europa, reunindo instituições de reconhecido valor e merecido prestígio.


Não é fácil, sei-o bem, que uma cidade se afirme como um centro cultural no concerto cada vez mais competitivo das metrópoles europeias. Dublin, ciosa do seu passado, mas ciente de que é no investimento e no esforço do presente que se jogam e se ganham os desafios do futuro, tem-no conseguido fazer com naturalidade.


Reitero-lhe os meus agradecimentos, Lord Mayor, a sua recepção tão calorosa e desejo-lhe, a si, aos seus colegas e a todos os habitantes de Dublin, todos os sucessos.