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Luís Veiga Presidente do NERCAB - Associação Empresarial da Região de Castelo Branco
Em primeiro lugar pretendo cumprimentar V. Ex.ª, Senhor Presidente da República, por duas razões fundamentais: pela oportunidade do tema que hoje aqui traz a debate e pelo local escolhido. O tema é-nos particularmente caro, a todos nós, empresários e cidadãos do interior. O meu colega Eng. Fidélio Guerreiro já deu aqui uma breve panorâmica da realidade associativa do nosso país e da importância estratégica das nossas associações empresariais, enquanto agentes do desenvolvimento regional. Cabe-me agora a honra de, em nome dos empresários do interior, e muito em especial do distrito de Castelo Branco, apresentar a V. Ex.ª, de uma forma breve, as carências e estrangulamentos que todos continuamos a sentir no nosso dia a dia, não obstante as promessas que os sucessivos governos nos foram fazendo, e que até agora não vimos concretizadas, apesar de já estarmos na recta final do segundo quadro comunitário de apoio. As vias de comunicação continuam a ser o calcanhar de Aquiles das regiões do interior, e a prova disso é que o IP2, que é a grande via do interior, continua por realizar, com excepção de alguns troços. A título de exemplo, podemos indicar que, de Abrantes à Guarda, apenas 15% da IP2 se encontra executada, e em concurso estão outros 15%. Mas também não compreendemos que o seu traçado a partir de Beja se dirija para o litoral, quando em nosso entender deveria continuar pelo interior, até Faro ou Vila Real de Santo António. Consideramos também incompreensível que cidades como Guarda, Covilhã, Fundão, Castelo Branco e Portalegre, que constituem o arco urbano do centro interior, continuem isoladas, em termos de ligações rodoviárias, entre si, bem como ao litoral e à nossa vizinha Espanha, e isto quase em pleno século xxi. Perguntamos como é possível que o interior se desenvolva assim? Outra questão que gostaríamos de trazer ao conhecimento de V. Ex.ª é a do túnel da Gardunha: não compreendemos que uma obra como esta, tão fundamental na ligação entre o Norte e o Sul do interior, e que ajudará a consolidar o arco urbano do centro interior, não possa ser utilizado, uma vez que os seus acessos ao IP2, ainda estão por se realizar, inviabilizando a sua utilização a curto prazo (numa obra que custou cerca de quatro milhões de contos). Senhor Presidente: Poderíamos continuar aqui a falar das ligações do interior ao resto do país e a Espanha, porque o IP6, o IC7, o IC8 e o IC31, ainda continuam a fazer parte de um sonho das gentes do interior, mas nada mais que isso. Pelos apoios à instalação de empresas no interior, também continuamos a aguardar! O SIR, enquanto sistema de incentivos regionais, não tem incentivado a fixação de empresas em regiões desfavorecidas, como é o interior e, por isso mesmo, não tem exercido uma função de deslocalização de investimentos do litoral para o interior. Urge criar um Programa especifico de Desenvolvimento, com incentivos financeiros e fiscais, verdadeiramente regionais, que enquadre condições atractivas para a fixação de novas empresas no interior, com uma dupla função: * Gerar emprego, evitando situações pobreza
social e a desertificação do território.
Competitividade está associada à inovação e à diferenciação, mas também à igualdade de oportunidades (o custo da energia é um exemplo e a formação empresarial a nível de topo). Mas não queremos apresentar apenas lamentações, pois também nos congratulamos com a opção do Governo de, em 1998, o centro interior ser servido pela rede de gás natural. Muito fica aqui por dizer, mas acreditamos, que o conhecimento da realidade que V. Ex.ª leva desta região do interior, mais do que as nossas palavras, será o elo que tem faltado à cadeia do desenvolvimento, que o interior e o país tanto precisam! Bem hajam! |