Dia Internacional da Mulher 8 de Março de 1999
 
 
 

Esta exposição pretende retratar simbolicamente o percurso da condição feminina. Através de fotografias, "viajamos" pelas idades mais significativas, idades que escolhemos como marcas.

As mulheres desta exposição não protagonizam necessariamente situações exemplares da realidade portuguesa, são antes rostos de um percurso individual que se quis revelar, cientes de que a identificação pontual é possível.

Os dados e estatísticas referentes às mulheres em Portugal - podem e devem - ser completados e aprofundados. Surgem aqui como indicadores de situações que, ainda hoje, podem surpreender.

No dia 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Como em todos os dias que cumprem a função evocativa de valores que se desejam universalmente aceites, um conjunto de cerimónias sintetiza e lembra a intenção de desenvolver todos os esforços para assegurar que esses valores se tornem domi-nantes na nossa sociedade.

Esta cerimónia, anualmente rotineira e consagrada nos calendários oficiais, está bem longe de árdua luta que há tantas décadas as mulheres tiveram que iniciar em defesa da igualdade de direitos civis e políticos.

É sinal que a sociedade e o direito evoluíram progressivamente. Todavia, por múltiplas razões, estamos ainda longe quer de consagrar no Direito princípios que melhor garantam uma efectiva igualdade, quer de poder assegurar que a sociedade, no seu conjunto, interiorizou e pratica os valores e princípios já garantidos na Lei.

Este é um percurso difícil. Há muito, felizmente, que deixou de ser entendido como uma reivindicação "das mulheres". A igualdade é um problema de direitos fundamentais. É, neste e em todos os sentidos, um problema de todos. A componente cultural envolvida é enorme. Práticas dominantes foram, estão a ser e terão de ser postas em causa.

A mudança de atitudes não se atinge pelo simples acto de legislar. É preciso mais do que isso. É uma aprendizagem cívica e de valores que tem de começar na Escola. Só asim é possível assegurar e manter a sensibilidade aos problemas e à sua permante evolução.

Hoje o debate sobre a igualdade ganhou novas dimensões. Ele evolui, aliás, a par das transformações da sociedade e dos novos modos de organização do trabalho.

Quero, este ano, dedicar uma particular atenção à temática da conciliação da vida profissional e familiar das mulheres e dos homens. Sei que esta é uma área particularmente sensível e onde a introdução de práticas e de le-gislação que facilite essa conciliação tem sido difícil.

Fica este meu gesto, que associo à preocupação que tantos têm já dedicado a este tema, como sinal da intenção de dedicar a maior atenção ao problema da "Conciliação". Mas, neste aspecto, como todos os outros que se prendem com a necessidade de existir um Dia Internacional da Mulher, a intenção não é tudo.

É preciso ter sempre a coragem de fazer com que a intenção se torne realidade.
 

Jorge Sampaio
Presidente da Républica
 
 
 
 
 
 
 
 

Rostos e percursos
 
 
 
 
 

ANA
 
 

1 Mês

Nasceu de parto normal com 3.080gr, tem agora 3.970gr.

Em média nascem em Portugal 55 mil meninas por ano.

Em 100 mil partos, 5,4 das mães morrem.
 
 
 
 
 
 
 

BARBARA
 
 

20 Meses.

Está na creche.

Tem duas irmãs.

Em 1996 nasceram 110 363 bebés, dos quais morreram 6,9%. Com menos de um ano de idade morreram 727 bebés-meninas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

MARCIA, GERALDA, DANIELA, ANDREIA, ALEXANDRA
 
 

5 Anos
 

MARCIA : Quero ser veterinária
 

GERALDA: Quero ser modelo ou médica
 

DANIELA: Não sei, ainda
 

ANDREIA: Quero ser cantora
 

ALEXANDRA: Quero ser cavaleira
 

Prontas para começar a aprender a ler. A escolaridade obrigatória vai até ao 9º ano.
 
 
 
 
 
 
 
 

CATARINA
 

10 Anos

O que gostava era mais de ser como aquelas mulheres que fazem roupa para as modelos

A escola é hoje a principal actividade das meninas desta idade. Mas são também estas que mais ajudam as mães em casa.
 
 
 
 
 
 
 
 

JOANA
 

15 Anos

Quero fazer teatro

Em média a vida sexual das mulheres começa aos 15 anos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

SÓNIA
 

20 Anos

Gostava de ser polícia aérea. Estudante do ensino superior

Em 1997, 59,7% dos licenciados eram mulheres.
No ensino superior existem 151 mulheres para 100 homens.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

MIRIAM
 

25 Anos

Licenciada em gestão

Vive com os pais.

Encontrar trabalho é dificil

O nascimento do primeiro filho acontece em média aos 25 anos.

A inserção no mercado de trabalho não é fácil.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

ISABEL
 
 

30 Anos.

Formada em Serviço Social e trabalha.

Casada há um ano e meio.

Por enquanto não quer ter filhos.

Depois do 25 de Abril abriram-se às mulheres as carreiras diplomática, da magistratura e militar.
Elas representam 15% dos quadros superiores das empresas públicas e privadas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

TERESA
 

40 Anos

É muito difícil conciliar a carreira com a vida pessoal

Enfermeira.

Tem quatro filhos.

Entre os 40 e os 50 anos, 3 183 mulheres divorciam-se (dados de 1996).

No ano de 1997, 68,3% das mulheres divorciadas estavam activas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

MARIA JOSÉ
 

50 Anos

Trabalha numa firma de exportação há 25 anos.

Sente-se saudável e realizada.

7,6% da população activa feminina não tem emprego.

Em cada três analfabetos dois são mulheres.
 
 
 
 
 
 
 

MARIA JOSÉ
 

60 anos

Começou a trabalhar aos 12 anos.

Esta é a idade em que a maioria das mulheres vive o prazer, e por vezes o dever, de uma segunda maternidade.
 
 
 
 
 
 
 
 

IRENE
 

70 Anos

Esta é a idade em que a maioria das mulheres vive o prazer, e por vezes o dever, de uma segunda maternidade.

Gostava de entrar numa telenovela

A esperança média de vida para as mulheres em Portugal é de 78 anos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

MARIA
 

+80 Anos

Uma vida inteira de trabalho.

Morrem 19 683 mulheres por ano com mais de 80 anos.

A maioria das mulheres nesta idade vive só e é pobre.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Concepção, design e produção
004 - Actividades Culturais LDA
 

Fotografia
João Palmeiro
 

Supervisão de texto
Dra Lígia Amâncio
Dra Ana Maria Bettencourt
 

Fontes consultadas
INE - Instituto Nacional de Estatística
CIDM - Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres
CLBSS - Comissão do Livro Branco da Segurança Social
Ministério doTrabalho e da Solidariedade - Direcção de Serviços de Programas e Apoio Técnico
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia - CIES/ISCTE
Torres, Anália Cardoso. Divórcio em Portugal, Celta, Oeiras, 1996
 
 

Pré-Impressão, impressão e acabamento
Critério - Produção Gráfica, LDA