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Mensagem do Presidente da República na véspera do Referendo sobre a Regionalização (Emissão integral na RTP e RDP)
Os portugueses decidirão amanhã, com o seu voto, o destino de uma questão da maior importância para Portugal; ôa instituição em concreto das Regiões Administrativasö. Este é um referendo obrigatório. É a própria Constituição que, nesta matéria, impõe a realização de uma consulta directa ao eleitorado, como passo indispensável à posterior actuação dos órgãos representativos, designadamente, da Assembleia da República. Os cidadãos são chamados a exprimir directamente a sua opinião. Com o seu voto clarifica-se a vontade dos portugueses em relação a esta questão e reforça-se a própria democracia. A democracia enriquece-se e consolida-se com a participação directa dos eleitores em escolhas políticas decisivas para o país. Votar num Referendo constitui uma forma da apurar a vontade da Comunidade Nacional. E uma forma, neste caso, de exprimir à Assembleia da República o sentido claro da opinião maioritária dos portugueses em relação a uma política concreta. Por isso é tão importante o seu voto. A participação directa dos cidadãos reforça a legitimidade de escolhas de particular relevância para o país e fortalece a coesão nacional. A democracia representativa continuará a assegurar o quadro essencial de estabilidade política e institucional. Estou certo de que este Referendo será um elemento importante para a maturidade da democracia portuguesa. O debate sobre a ôinstituição em concreto de Regiões Administrativasö foi longo e permitiu a todos, partidos e grupos de cidadãos, exprimir livremente os seus pontos de vista. Os portugueses compreendem a importância da questão que se lhes coloca e definirão as suas escolhas, livremente, em consciência, tendo apenas em conta o que entendem ser melhor para o futuro de Portugal. O resultado deste referendo, qualquer que ele seja, deve ser aceite por todos com serenidade, sem dramatizações inúteis que só podem desvirtuar o objectivo da sua realização e o sentido da escolha livremente feita. O que está em causa neste referendo é, apenas, saber qual é o voto maioritário dos portugueses quanto à ô instituição em concreto das Regiões Administrativasö e se concordam com ôa Região Administrativa da sua área de recenseamento eleitoralö. Os efeitos políticos do Referendo circunscrevem-se, necessariamente, às matérias a que este diz respeito. E a nada mais. Todos os responsáveis políticos tirarão da decisão do eleitorado, as consequências políticas compatíveis com os termos em que a Constituição determina que esta consulta obrigatória se realize. O Presidente da República, neste caso, como em qualquer outro, se necessário for, não deixará de exercer as suas competências constitucionais, incluindo, claro está, o recurso ao Tribunal Constitucional, para clarificar quaisquer eventuais problemas de constitucionalidade que o futuro possa vir a colocar. Permito-me chamar a atenção para a importância que
tem para Portugal o resultado deste Referendo. O voto de cada um
de nós, o voto de todos nós, é decisivo. Apelo ao
vosso sentido cívico. É muito importante votar amanhã.
Presidência da República, 6 de Novembro de 1998.
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