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Mensagem do Presidente relativa ao SIS/PJ
Uma sequência de acontecimentos associados ao funcionamento do Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa Militar (SIEDM), da Polícia Judiciária e do SIS, deu lugar a alguma intranquilidade e apreensão quanto ao normal e eficaz funcionamento daquelas instituições, que são indispensáveis para a segurança das pessoas e dos bens.
Esta situação, pela delicadeza de que se reveste, exige sobriedade nos comportamentos,
ponderação rigorosa e uma intervenção atempada.
Toma-se, assim, indispensável que, em adequada cooperação
entre o Governo, a Assembléia da República e os partidos nela representados,
se consolidem as condições que reconduzam aquelas entidades à desejável normalidade
de funcionamento.
É importante que fiquem bem claras as competências próprias
de cada órgão do Estado, decorrentes da Constituição:
Compete, ao Governo, e não a outros órgãos, designar as
chefias e definir as orientações da sua acção, de harmonia com os critérios e objectivos
definidos na lei. Compete à Assembléia da República e, não a outros órgãos, avaliar tais critérios
e objectivos quando da apreciação da actividade política do Governo.
A especificidade e funcionamento do Serviço de Informações
Estratégicas e de Defesa Militar e do SIS, exigem rigor extremo e escrupulosa
reserva. A lei coloca estas instituições da República no ãmbito da fiscalização e acompanhamento
parlamentares. Torna-se, assim inadiável o necessário consenso partidário para designar os membros
do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações, assegurando a este Conselho
os meios adequados a uma actuação eficaz e permanente. Só assim poderá ele constituir uma verdadeira
garantia para os cidadãos.
A urgente restituição dos Serviços de Informações e da
Polícia Judiciária, a condições de desejável normalidade de funcionamento eliminará a natural
sensação de incerteza na opinião pública e restaurará a imprescindível confiança dos cidadãos.
Confiança tanto mais justificada quanto o Estado de Direito em que vivemos é garantido
por tribunais que são servidos por magistrados do Ministério Público com adequado estatuto
de autonomia, e por juizes independentes que, com total isenção, fazem cumprir a
lei e punem os seus infractores.
E para que assim continue a ser, devem também as magistraturas
ser resguardadas de qualquer excesso de zelo na defesa da imagem própria,
para que os interesses do Estado passem à frente quando estão em causa questões essenciais da
vida colectiva.
Continuarei a acompanhar a situação, na certeza de que
é pelo regular funcionamento das instituições, e no respeito das suas competências próprias,
que se resolvem, com sucesso, as questões do Estado e se assegura a confiança dos cidadãos.
As democracias têm os seus momentos de dificuldade institucional.
Mas também só elas conseguem sempre, com determinação, em clima de serenidade,
e com o sentido de responsabilidade de todos, encontrar as soluções que
permitem o indispensável reforço das instituições e da confiança dos cidadãos.
Palácio de Belém, 28 de Março de 1999
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