Declaração

A declaração que o Presidente Habibie acaba de proferir parece dever ser positivamente encarada, como manifestação, embora tardia, de aceitação pela Indonésia dos apelos prementes que lhe foram dirigidos pela Comunidade Internacional, e como Portugal vem insistentemente reclamando.

As circunstâncias que temos vivido e o comportamento a que Djacarta nos tem habituado força-nos, todavia, a ser prudentes nesta primeira reacção.

E a não esconder que consideraríamos intolerável que o comportamento dos militares e outras forças indonésias que se encontram em Timor Leste viesse, na prática a pôr em causa a boa fé em que temos a declaração do Presidente Habibie.

Apelamos, pois, ao Presidente Habibie, ao governo e às autoridades militares indonésias para que honrem o sentido da declaração presidencial e que, assim, viabilizem, desde já, as diligências indispensáveis para uma rápida deslocação de forças internacionais de segurança, mas sobretudo para que autorizem e cooperem com o início imediato das operações humanitárias no território.

Os olhos do Mundo estão fixados no sofrimento do povo de Timor Leste. Mas estão igualmente atentos, e serão inflexíveis, relativamente ao comportamento da Indonésia.

Neste momento de esperança e não menor dramatismo, queremos reiterar a nossa emocionada solidariedade para com os timorenses, renovar os nossos agradecimentos ao trabalho determinado do Secretário Geral da ONU e da sua equipa, e afirmar a nossa certeza na recondução da comunidade internacional à afirmação dos valores essenciais que sempre pautaram a actuação de Portugal.