Discurso de SEXA o PR por ocasião da Sessão de Abertura de um Seminário sobre Turismo em Portugal

Noruega
03 de Fevereiro de 2004


Senhor Secretário de Estado do Turismo
Senhores Secretários dos Governos dos Açores e da Madeira
Senhores Operadores Turísticos
Senhores Empresários

Foi com particular agrado que aceitei o convite que me foi dirigido para abrir os trabalhos deste Seminário sobre turismo em Portugal. Por várias razões.

Primeiro, porque o turismo representa um sector vital da actividade económica portuguesa, criador de empregos, riqueza e desenvolvimento, responsável por cerca de 6% do PIB.

Depois, porque no âmbito das relações económicas luso-norueguesas, o turismo é uma área importante, com um enorme potencial de crescimento que vai ao encontro da crescente procura e interesse por Portugal como destino turístico.

Por último, porque o turismo, para além de ser um importante indicador económico e uma área cada vez mais exigente de negócios, corresponde, nos nossos dias, a um facto de sociedade particularmente interessante enquanto forma colectiva de conhecimento, interacção e comunicação entre povos e culturas.

O turismo é uma área por excelência de afirmação das riquezas e diversidades nacionais, de transmissão da cultura e da partilha de uma arte de viver. No turismo, dá-se e recebe-se a imagem dos países e fixam-se os elementos do imaginário, quer seja ele do visitante, quer do anfitrião.

A tão desejada Europa dos cidadãos começa precisamente no conhecimento mútuo das nossas realidades e dos nossos imaginários europeus. Estes são, a maior parte das vezes, decantados a partir dos encontros, viagens, itinerários e navegações, que vamos fazendo e dos quais vamos traçando um roteiro pessoal que nos permite construir, mais cedo ou mais tarde, o nosso próprio jardim de Éden.

Esse paraíso que se procura, paraíso perdido ou achado, é o paradigma inconsciente de todos os viajantes, e é naturalmente a matriz de qualquer trabalho de divulgação turística, quer se trate de textos ou de imagens. De resto, sabem também, melhor do que eu, como é essencial uma boa campanha publicitária para pôr nas bocas do mundo um país, um povo, uma cultura, um destino turístico. Muitas vezes basta uma imagem simples, um palavra de ordem (slogan), até uma breve interjeição, para chamar a atenção do público, para despertar a sua curiosidade, para o seduzir....

"Oh, so, Portugal ?", foi por exemplo o que ouvi uma vez, um jovem defender para slogan de uma campanha sobre Portugal, tendo-me parecido uma ideia interessante – quem, assim interpelado, poderia resistir à tentação de saber mais ?

"Oh, so, Portugal ?"
E de imediato somos arrastados por um tropel de imagens mentais: o pequeno rectângulo de cerca de 90.000 km2, debruçado sobre o Oceano Atlântico, fitando longinquamente os arquipélagos da Madeira e dos Açores; a infinidade de paisagens todas diversas e contrastadas; os nossos 850 km de costa alternando extensos areais com arribas e cabos avançando pelo Oceano adentro; a doçura do clima, o sol e a pureza das cores; a riqueza do nosso património cultural, sábio cruzamento de tradições, influências e estilos; a pujança das artes tradicionais, especialmente a pintura sobre azulejo e o fado; o nosso modo de estar, que alia um sentido genuíno da hospitalidade à discrição, um certo pendor para a melancolia à capacidade de organização criativa e de resposta rápida; o vigor da nossa poesia e literatura; o prazer da boa mesa; a variedade das iguarias, as amêijoas à Bulhão Pato, o Bacalhau à Gomes de Sá, os papos de anjo e outras delícias conventuais, a profusão de vinhos de mesa, consoante as castas, os solos e a exposição solar das vinhas, os generosos e licorosos, especialmente o Porto e o Madeira.

"Oh, so, Portugal!", naturalmente.
Lord Byron, que nos remotos tempos oitocentistas, viajou e se encantou por Portugal e especialmente por Sintra, nos arredores de Lisboa, numa altura em que não havia ainda nem operadores turísticos nem campanhas publicitárias, referiu-se àquela vila nestes termos: “Sintra, magnífico Éden”. Se Lord Byron fosse hoje, teria certamente viajado por todo o país. E provavelmente teria concluído: “Portugal, magnífico Éden”.

Portugal, como ilustração do paraíso, poder-nos-á naturalmente fazer sorrir. Mas, falando de destinos turísticos, de locais de lazer, de locais de férias, o certo é que muitas são as razões que abonam a favor da escolha de Portugal entre os inúmeros lugares, cheios de atributos e qualidades, que existem à superfície da terra. Se não, vejamos alguns desses motivos fortes:

-a singularidade da geografia portuguesa, país europeu mais a sul a possuir uma extensa fachada atlântica, com a sua magnífica natureza, praias e inúmeras áreas protegidas. Em curtas distâncias, Portugal oferece uma enorme variedade de paisagens, do mar à planície, da montanha às dunas e lagunas, passando pelas ilhas, com o lote correspondente de opções de lazer.

-O clima e o sol radioso, as temperaturas suaves e a luz intensa. Com invernos clementes e verões amenos, Portugal tem para oferecer, acreditem, uns "300 dias de sol por ano".

-A diversidade e a qualidade da oferta turística, a nível dos serviços, da hotelaria e de infra-estruturas modernas, bem como as inúmeras opções de actividades de lazer, como os desportos náuticos e a prática do golfe, a pesca, a caça, a equitação ou o turismo rural e enológico, para citar apenas alguns exemplos;

-A enorme riqueza gastronómica, que varia de região para região, que alia os sabores genuínos da terra, os produtos frescos e naturais e a sabedoria antiga da cozinha conventual a uma variada carta de vinhos de mesa de grande qualidade;

-A variedade da oferta cultural, baseada na riqueza do nosso património artístico, conjugada ao dinamismo e à animação, especialmente o ambiente cosmopolita nos centros urbanos com um leque muito diversificado de opções lúdicas, que vai das artes ao desporto, passando pelos festivais de música, as festas populares e os grandes eventos, como foi por exemplo a EXPO 98 ou será o EURO 2004;

-O carácter hospitaleiro e aberto dos portugueses, a sua natural afabilidade, cortesia, espírito comunicativo e disponibilidade;
Todas estas razões, a somar ao facto de sermos hoje um país democrático, moderno, dinâmico e desenvolvido, com uma identidade cultural forte, com vocação universalista e uma arte de viver própria e multi-facetada, fazem de Portugal um destino turístico de eleição.

É, pois, com um convite a visitar e descobrir Portugal e as suas ilhas que termino a minha intervenção. Desejo-lhes a todos um bom trabalho, e que no final sejam irresistivelmente levados a concluir "Tanto Portugal, tão perto"!