Discurso de SEXA o PR por ocasião do lançamento do Museu da Presidência da República

Palacio de Belém
17 de Maio de 2004


Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Caros Amigos,

Este acto que hoje aqui nos reúne constitui um passo fundamental para que o Museu da Presidência da República possa cumprir os objectivos historiográficos, culturais, pedagógicos e cívicos que inspiraram a sua criação. As minhas primeiras palavras são, pois, para agradecer calorosamente a vossa presença e, sobretudo, o que essa presença significa: o vosso apoio generoso e concreto a este projecto, traduzido em várias formas de cooperação e colaboração.

Aos antigos Presidentes da República e às famílias e herdeiros dos que já não estão entre nós, quero testemunhar, em nome pessoal e em nome de Portugal, o meu profundo reconhecimento pela vossa participação na constituição do Museu, através de doações, depósitos ou empréstimos de espólios de arquivos e peças, num processo de sensibilização e pesquisa que ainda não está encerrado. Sei que o fazem por generosidade e patriotismo, com consciência cívica e cultural, num espírito de serviço à comunidade. Num mundo em que, tantas vezes, parece só os valores materiais contarem, o vosso exemplo merece louvor e mostra que foram outros, bem diferentes, os valores que determinaram a vossa disponibilidade, participação e apoio. Muito obrigado a todos.

Também muitas instituições, públicas e privadas, e ainda pessoas singulares nos dão a sua colaboração preciosa. Sem ela, este projecto teria de ser menos ambicioso. Com ela, constituíram-se parcerias fecundas e modos úteis, para todos, de cooperação, potenciando bens e recursos, sinergias e competências específicas. Sabendo nós que muitas vezes não é fácil o entendimento e a colaboração para objectivos comuns, creio que este exemplo frutuoso que hoje aqui se consagra com a assinatura dos protocolos é também merecedor de registo e continuidade.

É este também o momento de anunciar que eu próprio vou entregar ao Museu os presentes de Estado que tenho recebido e nele depositarei a parte do meu arquivo pessoal e político que se inscreve nas finalidades do projecto.

Meus Amigos,

O Museu da Presidência da República quer ser, como mostra o filme de apresentação, um projecto aberto, interactivo e descentralizado, características estas que especialmente reputo essenciais para a modernização da nossa sociedade. Não se esgota, pois, na sua exposição permanente, aliás sempre renovável. Tem ambições historiográficas, culturais, pedagógicas e de formação. Em democracia, não há uma historiografia oficial. A história é feita, pluralmente, pelos historiadores.

É, por isso, muito importante o acesso que garantimos a investigadores, estudantes, estudiosos, jornalistas e cidadãos, em geral, ao património do Museu. Essa matriz de independência científica e liberdade de investigação marca o Museu desde a sua constituição e forma o seu código genético. A equipa do Museu, coordenada pelo Dr. Diogo Gaspar e tendo como consultor científico o prof. António Costa Pinto, tem trabalhado de acordo com estes princípios fundamentais. Este não é um Museu para fazer a hagiografia de ninguém. É um lugar de conhecimento, divulgação e investigação de um tempo histórico, centrado na instituição presidencial. Como tenho dito e independentemente do juízo político que se possa fazer sobre figuras e acontecimentos, a História assume-se na sua integralidade e deve ser estudada e conhecida, tirando-se dela ensinamentos e lições. É este o grande desígnio que levou à criação do Museu da Presidência da República.

Renovo a todos vós os meus agradecimentos e não esqueço os que não estão aqui hoje, os mecenas, e aos quais terei oportunidade de expressar, numa oportunidade próxima, o meu reconhecimento. Espero receber-vos a todos na abertura do Museu, em 5 de Outubro. Um Museu que, repito, sem a vossa colaboração não se podia ter feito.