NOTA: "Os textos das intervenções em Timor-Leste foram estabelecidos a partir das transcrições dos registos dos improvisos do Presidente da República"

Discurso no Palácio do Governador, Dili

Palácio do Governador, Dili, Timor-Leste
12 de Fevereiro de 2000


É muito bom estar entre amigos.

Quero agradecer-lhes, a todos os que durante estes vinte cinco anos lutaram pelos seus direitos e sofreram por eles.

Quero prestar a minha homenagem àqueles que tombaram em defesa desses direitos.Quero prestar a minha homenagem ao Comandante Xanana Gusmão e a toda a Resistência. Quero prestar a minha homenagem aos senhores Bispos, D. Ximenes Belo e D. Basílio do Nascimento.

Quero prestar a minha homenagem a todo este povo ímpar que, durante muitos anos, no silêncio, na dedicação e no sofrimento, conseguiu vencer e, em 30 de Agosto passado, realizar a sua grande aspiração - ganhar o direito à sua independência.

Quero agradecer os esforços desempenhados pelas Nações Unidas e pela INTERFET e, a partir de agora, os esforços a que o Dr. Sérgio Vieira de Mello, a UNTAET e as suas forças de paz, de reconstrução e do desenvolvimento, vão pôr ombros para reconstruir esta Pátria destruída.

Os Portugueses apenas querem ajudar, para que seja possível uma independência real e efectiva. Isto é, para que o vosso esforço de vinte e cinco anos, a vossa unidade inquebrantável, sejam postos agora ao serviço da reconstrução desta Pátria.

O trabalho à frente de todos nós é muito importante.

Quero saudar os Timorenses que neste momento têm responsabilidade de vos representar. O Comandante Xanana Gusmão, os membros do Conselho Nacional de Resistência Timorense e do Conselho Consultivo Nacional, têm de fazer desta transição um momento exemplar para demonstrar ao mundo que um Povo determinado, com identidade própria, com unidade de esforços e de propósitos, é capaz de levar avante esta tarefa com as Nações Unidas e realizar aquilo com que sonharam e para o qual lutaram milhares e milhares de Timorenses.

Estaremos convosco para ajudar no que for preciso. Mas permitam que este vosso amigo de sempre, que acompanhou a causa timorense em todos os momentos, vos peça também que agora a unidade seja mais forte , que a diferença de opiniões seja posta ao serviço da reconstrução e que seja possível, com o esforço de todos, mobilizar todas as capacidades pois disso depende o desenvolvimento futuro de Timor.

Sobretudo, é indispensável que seja possível aos Timorenses, eles próprios ou através dos seus representantes, pelas formas jurídicas ou políticas que escolherem e com o apoio das Nações Unidas, decidirem sobre o que deve ser o seu futuro .

Nos próximos meses, a atenção do mundo continuará fixada sobre Timor-Leste. Vai ser muito importante perceber a eficácia das Nações Unidas . Estamos aqui para colaborar com as Nações Unidas, com o CNRT e com os Timorenses; estamos aqui apenas para isso e entendemos que há uma grande responsabilidade da comunidade internacional, depois do drama vivido aqui em

Setembro e Outubro, para responder também, agora, ao esforço de reconstrução.

Mas vai ser o esforço de todos nós, o vosso em primeiro lugar, que há-de levar para a frente a demonstração de que é possível, apesar da destruição e de todas as dificuldades, manter a identidade e manter a unidade para que se possam realizar e efectivar as expectativas de todos os Timorenses por que todos esperamos.

Meus amigos, um grande, grande abraço.

Espero que esta minha presença de um país que nunca vos deixou nestes vinte e cinco anos, seja recebida como um abraço de esperança, de afectividade, de grande admiração pela vossa determinação e pela vossa coragem, e seja também um abraço de esperança pelo esforço que, junto com os vossos representantes e com as Nações Unidas, ides fazer para a construção do vosso futuro.

Junto de vós sinto-me muito mais novo e é preciso que nos sintamos todos muito mais novos para construir este novo País.

Viva Timor-Leste!