Câmara Municipal Eger

Hungria
14 de Abril de 1999


Senhor Presidente,
 
Agradeço-lhe a sua amável hospitalidade nesta bela cidade de Eger, tão ligada à História e à cultura magiar.

Esta cidade atraiu e acolheu, durante o século XVIII, uma pleiade notável de arquitectos, escultores, pintores e artífices, que lhe deram a sua feição tão característica, e cuja influência se fez sentir não apenas nesta região, mas também noutras, por vezes bem distantes.

Não escondo a minha satisfação por poder admirar alguns dos magníficos edifícios barrocos tão característicos de Eger, e visitar o seu castelo, símbolo da resistência face ao invasor e da luta do povo húngaro pela liberdade.

Sei que a preservação de todo este importante património, que não é apenas húngaro mas também europeu, tem merecido de Vossa Excelência e da Câmara de Eger uma louvável atenção e cuidado.

Como antigo Presidente da Câmara Municipal de um outra cidade europeia, também ela muito antiga e igualmente dotada de um património histórico, arquitectónico e artístico singular, conheço bem as dificuldades inerentes a tal tarefa, a responsabilidade particular que exige do seus autarcas.

Acompanha-me nesta visita, integrado num conjunto de personalidades marcantes da vida política, económica, científica e cultural portuguesa, o Vice-Presidente da nossa Associação Nacional de Municípios e Presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Para além de se tratar de um velho amigo, a sua inclusão na minha comitiva visa sublinhar a importância que atribuo ao papel das cidades na Europa que estamos a construir.

Referi o papel insubstituível dos municípios na preservação do património histórico. Mas em tantas outras áreas, nas infraestruturas, na protecção do ambiente, na qualidade de vida, no combate contra a exclusão, na dinamização da creatividade cultural, dispõem as nossas cidades de uma experiência incomparável, que cabe aproveitar na resolução desses mesmos problemas à escala nacional.

Neste contexto, a partilha de experiências, o confronto de perspectivas, a cooperação multifacetada entre municípios de diferentes países revela-se de uma particular utilidade para melhor fazermos face a tantas questões que se nos colocam de forma cada vez mais idêntica.

As geminações entre cidades, as trocas entre estruturas descentralizadas dos nosso Estados, entre grupos de interesses, entre empresários, universitários e cientístas, entre jornalistas e criadores culturais, reveste-se de uma grande importância para sedimentar as relações entre os nossos países e para manifestar, de forma concreta, a solidariedade que nos une.

A minha visita à Hungria, Senhor Presidente, é testemunho do nosso claro empenho na consolidação das nossas relações a todos os níveis e em todas as áreas de interesse comum. Um reforço que tem de ser visto no quadro mais vasto da União Europeia na qual a Hungria se vai integrar, no final de um processo que Portugal tem apoiado e continuará a apoiar sem hesitações.

Estivémos, húngaros e portugueses, forçadamente arredados, durante muitas décadas, desse espaço comum europeu, das suas oportunidades de progresso político, económico e social.

Com o restabelecimento da democracia na Hungria, como antes acontecera em Portugal, chegou o momento de nos reencontrarmos todos na exaltante tarefa de construirmos a Europa do futuro.

Reiterando-lhe os meus sinceros agradecimentos desejo-lhe, Senhor Presidente, a todas as autoridades municipais, e à população de Eger, as maiores prosperidades.

Muito obrigado.