Discurso de SEXA o PR por ocasião da Cerimónia Comemorativa do Centenário da Sinagoga Shaaré Tikvá

Lisboa
09 de Setembro de 2004


Senhor Presidente da Assembleia da República
Senhor Embaixador de Israel,
Senhor Shlomo Amar, Grão Rabino de Israel
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Senhores Deputados
Excelentíssimos Representantes das Diversas Confissões Religiosas
Senhores Embaixadores
Senhor Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa
Ilustres Convidados

Começo por dirigir as minhas calorosas saudações à Comunidade Israelita de Lisboa, cumprimentando o seu Presidente e os membros presentes nesta cerimónia de tão grande significado.

A efeméride que hoje oficialmente celebramos, a do 1º Centenário da Sinagoga de Lisboa, é simultaneamente, como o Presidente da Comunidade bem referiu na sua intervenção, uma homenagem a todos aqueles que, ao longo dos anos, serviram e prestigiaram esta comunidade que, como tal, se consolidou em Portugal após a Revolução Liberal de 1820. Por isso, junto-me à homenagem prestada à memória de todos os que hoje são evocados e cujos nomes esta Comunidade guarda com gratidão.

Quero ainda saudar o Senhor Embaixador de Israel e o Grão Rabino de Israel, Shlomo Moshe Amar, que connosco partilham este momento, o qual, no seu significado, transcende a comemoração do centenário de um templo de uma Comunidade Religiosa. A Sinagoga Shaaré Tickva não é apenas um edifício de culto religioso ao serviço de uma Comunidade. Ele dá testemunho de uma continuada presença judaica em Lisboa e é, simultaneamente, um marco na história da nossa arquitectura, do nosso património cultural e religioso – que lhe mereceu a recente classificação de monumento nacional. Mas é igualmente e deve continuar a ser um símbolo de diálogo, da convivência inter-religiosa, de solidariedade humana, na linha da acção humanitária que aqui se praticou ao longo do século XX e, particularmente, durante a II Guerra Mundial.

Desde 1912, só depois da Promulgação da Constituição da República Portuguesa, neste templo passou a viver-se um período de liberdade de prática do culto religioso, que antes não era plenamente permitido a todas a religiões. Por esse motivo, e porque foi inaugurado em 1904, este templo ficou então confinado ao interior de um páteo, sem a possibilidade de ter fachada para a rua. A liberdade plena de culto foi garantida só após a implantação da República, o que o autoritarismo de meio século negou depois. Com a instauração da Democracia, em 25 de Abril de 1974, veio a abertura, a tolerância, a plena laicidade do Estado e uma maior interconvivialidade religiosa, nesta sociedade plural, assente no respeito pelos direitos e pela dignidade do homem.

A Sinagoga “Portas da Esperança” e a comunidade de portugueses judeus que ela acolhe têm, no seu nível de intervenção, um contributo a prestar para um mundo melhor, mais solidário, mais pacifico e mais empenhado no diálogo. A presença nesta cerimónia de representantes de várias confissões religiosas é um sinal deste empenhamento.

O Colóquio “Os Judeus em Portugal Hoje”, que em boa hora decorreu no âmbito das Celebrações do Centenário da Sinagoga Shaaré Tikvá, representou também uma muito interessante ocasião de debate, análise e difusão de conhecimentos e investigações.
Senhor Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa,

Caros amigos,

Quero reafirmar o sentido da minha presença neste acto: o do testemunho de apreço pela vossa comunidade, cuja acção enriquece o Portugal democrático, aberto e plural, no qual o respeito integral pela liberdade religiosa é um corolário de uma visão humanista em que nos reconhecemos. Esta é a mensagem que devemos transmitir às gerações futuras. É por isso que aqui estou, em nome do Portugal democrático. É com esse espírito que todos aqui estamos, estou certo, participando nesta cerimónia em que o passado, o presente e o futuro estão ligados.

Bem hajam e muitas felicidades.