Sessão de Abertura do Seminário Luso-Brasileiro

Centro de Congressos de Lisboa
19 de Outubro de 2004


Senhor Vice-Presidente do Brasil,
Senhor Presidente da Associação Industrial Portuguesa,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

Acedi com muito prazer ao convite que me foi endereçado para participar, juntamente com o Senhor Vice-Presidente do Brasil, na sessão de abertura deste seminário económico. Quero, com a minha presença, sublinhar a importância que atribuo ao permanente desenvolvimento das relações económicas entre Portugal e o Brasil.
Nos últimos anos foi possível elevar para níveis sem paralelo na nossa história comum o patamar de relacionamento entre Portugal e o Brasil. E porquê? Em meu entender, porque houve um impulso político para se apostar, séria e definitivamente, nas relações económicas.

A dimensão económica era efectivamente a variável que faltava no nosso relacionamento. Não estando em causa, antes pelo contrário, a qualidade e a densidade do relacionamento político, verificava-se efectivamente um défice nessa área. Hoje, os indicadores económicos, em particular no investimento e no turismo, não nos deixam margem para dúvidas. Quer o diagnóstico, quer a decisão política tomada na segunda metade da década de 90 estavam correctos. Os agentes económicos responderam, na altura, pronta e afirmativamente, tendo sido evidente o efeito facilitador de factores, invisíveis mas sempre presentes, como a intensidade das relações afectivas entre portugueses e brasileiros e a existência de uma língua comum.

Permitam-me que, a título de exemplo, me socorra de dois números para ilustrar que a aposta na economia provou, por um lado, ser possível alterar por completo e em poucos anos o panorama – relativamente incipiente – do nosso relacionamento económico e, por outro lado, tornar-se uma poderosa alavanca do reforço global dos laços existentes entre Portugal e o Brasil.

Existem hoje no Brasil mais de 600 empresas portuguesas ou participadas por capital português. O stock acumulado, desde 1996, de investimento directo de Portugal no Brasil ultrapassou já os 13 biliões de USD. Estes números falam por si e são, porventura, os mais impressivos, mas poderia igualmente referir o aumento dos fluxo de turismo ou mesmo, embora de forma mais incipiente, o volume das trocas comerciais.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Tenho dito muitas vezes, e gostaria de o afirmar aqui hoje uma vez mais, que devemos ser ambiciosos nos nossos objectivos, demonstrando uma permanente insatisfação com aquilo – e foi muito – que foi feito e conseguido no quadro das relações luso-brasileiras. Só com uma procura permanente de mais e melhor relacionamento conseguiremos atingir e estabilizar o nosso relacionamento num nível de excelência.

Nessa medida, acredito que poderemos trabalhar em conjunto no sentido de corrigir algumas assimetrias existentes no nosso relacionamento económico, designadamente entre o investimento português no Brasil e o investimento brasileiro em Portugal – bastante inferior, embora registe algum crescimento –, bem como entre o elevado envelope global de investimento nos dois sentidos e o volume - ainda relativamente baixo - das trocas comerciais, em particular da exportações portuguesas.

Considero, pois, da maior relevância que no seguimento das conclusões da última Cimeira Luso-Brasileira, realizada em Março passado em Brasília, estejamos hoje aqui a discutir a questão do investimento brasileiro em Portugal. Creio, também, que a designação deste seminário é particularmente feliz e aponta na direcção certa: Portugal deve ser encarado pelo investidor brasileiro não apenas como um pequeno mercado local de 10 milhões de pessoas, mas sim como uma plataforma de acesso ao grande mercado europeu de cerca de 500 milhões de consumidores.

O Acordo UE/Mercosul, que conta com o apoio inequívoco de Portugal, será também um importante instrumento para os agentes económicos dos dois lados do oceano atlântico. Congratulo-me, deste modo, com o esforço negocial que será feito amanhã, em Lisboa, entre a Comissão Europeia e os países do Mercosul, sob os auspícios do Governo português, com vista a tentar progredir nas negociações e obter um acordo o mais rapidamente possível.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Queria aproveitar para saudar os organizadores deste seminário, todos os seus participantes e, muito especialmente, a missão empresarial brasileira que se encontra em Lisboa. Estou certo que, do importante programa de contactos e visitas previsto, resultará um melhor conhecimento do mercado português e das suas potencialidades, bem como, certamente, pelo menos assim o espero, alguns resultados concretos. Sublinhando a grande dimensão da economia brasileira e do espaço económico em que Portugal se insere, quero aproveitar esta oportunidade para convidar os empresários aqui presentes – portugueses e brasileiros - a melhor explorarem as potencialidades dos nossos dois mercados, bem como a formar entre si parcerias para, em conjunto investirem, em Portugal, no Brasil ou em terceiros países.

Termino, agradecendo a vossa presença aqui e formulando votos para que o vosso trabalho seja útil e produtivo.