Apenas duas palavras, nesta noite de alegria e de celebração. A primeira dessas palavras é de saudação à Fundação de Serralves pela sua tão valiosa actividade, que venho acompanhando gratamente e apoiando quanto posso. Projecto de colaboração entre o Estado e a Sociedade Civil, a sua qualidade constante e o prestígio internacional de que desfruta, mesmo nos meios mais exigentes, é a prova de que sabemos fazer bem quando queremos. Num tempo tão difícil, em que precisamos de boas notícias, não me canso de apontar Serralves como um grande exemplo que nos deve orgulhar. Quero ainda saudar a Fundação por esta extraordinária exposição, cumprimentando os dr. João Fernandes e Ruthe Rosengarten, seus comissários.

A segunda palavra é obviamente, de enorme apreço, admiração e gratidão a Paula Rego. Enorme admiração pelo seu génio criador, pela sua obra tão forte e intensa, de um tão grande significado e alcance.

E imensa gratidão pelo prestígio que dá à nossa cultura e ao nosso país. Obra de memória, mesmo quando é a actualidade que se torna memória para o futuro, os seus quadros, desenhos e gravuras são um testemunho artístico de qualidade excepcional. Assim é reconhecido internacionalmente e esse reconhecimento é para todos nós um motivo de orgulho nacional. Em sinal de admiração e gratidão, quero, hoje, nesta ocasião tão jubilosa e neste lugar tão belo, agraciar Paula Rego com a Grã Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a mais alta condecoração portuguesa para a criação artística, literária e científica, que tem sido atribuída aos maiores artistas portugueses e estrangeiros.

Ao homenagear Paula Rego, em nome de Portugal, não posso porém esquecer os sentimentos pessoais de velho amigo e admirador da grande pintora. Conservo a memória de um convívio antigo, ocorrido em circunstâncias diversas, e durante o qual sempre admirei a sua força interior, a sua liberdade corajosa, a sua energia criadora, a sua integridade artística, a sua generosidade pessoal.