Sessão de Abertura do Seminário Luso-Luxemburguês

Luxemburgo
28 de Setembro de 2004


Começo por agradecer, Senhor Presidente da Câmara de Comércio, as amáveis palavras de boas-vindas que acaba de me dirigir. Foi com todo o gosto que acedi ao convite para participar na sessão de abertura deste Seminário Económico luso-luxemburguês, à qual Sua Alteza Real teve a amabilidade de se associar também.

Com a minha presença aqui, quis uma vez mais sublinhar a importância que atribuo ao aprofundamento das relações económicas entre Portugal e o Luxemburgo. Promovê-las é, de resto, um dos objectivos desta visita ao Grão-Ducado. Por isso me faço acompanhar da Senhora Secretária de Estado para o Comércio, Indústria e Serviços, de altos responsáveis do organismo português encarregue da promoção dos Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal (ICEP) e de uma delegação empresarial importante, que inclui representantes do sector financeiro e da banca, dos moldes, das novas tecnologias, dos têxteis, do mobiliário e do turismo.

A presente iniciativa visa antes de mais contribuir para um melhor conhecimento recíproco dos mercados português e luxemburguês porque se chegou à conclusão de que prevalecem ainda uma imagem desactualizada do nosso país e um grande desconhecimento acerca do nosso tecido empresarial, dos sectores em que oferecemos uma boa relação qualidade-preço e em que as vantagens comparativas se impõem bem como dos aspectos mais modernos da nossa economia. Visa em seguida contribuir para a identificação de novas oportunidades de negócios, de cooperação ou de investimento que, por seu turno, concorram para a consolidação de um espaço económico europeu cada vez mais integrado. Visa, por último, dinamizar as nossas relações económicas bilaterais, marcadas por uma letargia inaceitável.

De facto, a actual situação no plano das trocas comerciais é quase chocante. Não só contrasta claramente com o excelente entendimento político existente como parece fazer tábua rasa das oportunidades decorrentes da nossa integração no Mercado Único e no Espaço Económico Europeu.

A título ilustrativo, recorde-se que o saldo da balança comercial é altamente deficitário para Portugal, tendência que se tem vindo a agravar com os anos (em 2003 atingiu cerca de 90 milhões de euros)

Para corrigir estes desequilíbrios e dinamizar as relações económicas bilaterais há que desenvolver uma estratégia inovadora, baseada na identificação de interesses convergentes e na definição de complementaridades. Creio haver margem para o lançamento de projectos de parceria, aproveitando sinergias entre os nossos sectores de excelência respectivos. Uma outras pista a explorar será a da valorização das oportunidades de investimentos de cooperação que, partilhando o risco, permitam aproveitar o potencial de desenvolvimento de alguns produtos e serviços.

O Luxemburgo é uma economia competitiva, dispõe de um sistema produtivo moderno, inovador, tecnologicamente avançado, capaz de produzir bens e serviços de qualidade nos mercados internacionais. Portugal, na senda da Estratégia de Lisboa, está apostado em modernizar e em internacionalizar a sua economia, o que passa por investimentos intensivos em capital e tecnologia, pela qualificação dos recursos humanos, pelo aprofundamento da articulação entre as empresas e o sistema científico e tecnológico, quer a nível nacional quer estrangeiro. Dispomos já de inúmeras empresas com competências em áreas novas reconhecidas internacionalmente, com experiência em sectores de ponta e uma forte componente de inovação científica, tecnológica e organizacional.

Penso que é hoje claro para todos que a inovação, que influencia por seu turno a qualidade dos investimentos, é um elemento indispensável do crescimento económico. Actualmente, uma economia competitiva é a que dispõe de um sistema produtivo moderno, inovador e tecnologicamente avançado, capaz de produzir bens e serviços de qualidade e valorizados nos mercados internacionais. Creio que não exagero se disser que, na sociedade do conhecimento e da informação em que vivemos, a inovação, nos seus variados aspectos, é o mais importante factor de competitividade. A própria produtividade também depende da inovação em sentido amplo, designadamente na organização do trabalho, na diferenciação e qualidade dos produtos e na estratégia de comercialização.

Perante a sempre crescente pressão competitiva, que atinge quase todos os mercados de bens e serviços, torna-se indispensável desenvolver uma cultura empresarial de cooperação internacional, criar redes inter-empresariais ágeis, promover a circulação alargada da informação e dos conhecimentos, acelerar e diversificar as interconexões entre espaços nacionais e internacionais. Penso especialmente em zonas em que os interesses luxemburgueses são complementares dos portugueses.

Parece-me, pois, que temos tudo a ganhar da conjugação dos nossos esforços mútuos, da troca de experiências, de um reforço da cooperação bilateral.

Quero assim deixar-vos uma palavra de estímulo para que prossigam este diálogo essencial entre as empresas de Portugal e do Luxemburgo. Mas quero também expressar um voto de confiança nos empresários luxemburgueses e portugueses e a esperança de que esta visita e o seu seguimento proporcionem contactos e formas de cooperação duráveis, que permitam desenvolver de forma harmoniosa e mutuamente vantajosa as relações económicas e comerciais entre os nossos países.