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Câmara Municipal de Milão
Milão
Senhor Presidente da Câmara da Cidade de Milão
Senhores Ministros Excelências Agradeço as palavras amigas que o Senhor Presidente da Câmara acaba de me dirigir bem como esta recepção tão calorosa que muito me sensibiliza e que tanto honra Portugal e os portugueses. Foi com muito prazer que acolhi a sugestão de incluir Milão no Programa desta deslocação a Itália. Por um lado, porque o seu impressionante dinamismo e poder de renovação fazem de Milão um fascinante laboratório do futuro que muito me apraz visitar. Por outro, porque Milão, desde sempre na junção de vários mundos e épocas, soube muito cedo afirmar-se como um centro cosmopolita, conciliando o seu rico património histórico e cultural com as exigências dos tempos modernos. Senhor Presidente
Nesta cidade, moldada pela história dos ideais humanos - a paz, a liberdade, a justiça, o direito, a beleza - e em que encontramos algumas das mais belas páginas do ideário e do legado artístico da Humanidade, permitam-me, como antigo advogado que sou, evocar em particular uma grande figura do Iluminismo italiano, Cesare Beccaria, que com o seu pensamento precursor - de que o opúsculo Dei Delitti e delle Pene é o expoente máximo - influenciou de forma decisiva a reforma do regime penal em toda a Europa. Quero assim prestar-lhe uma sentida homenagem tanto mais que Portugal foi o primeiro país europeu a pôr em prática os ideais deste ilustre Milanês, procedendo à abolição da pena de morte, em 1864. Senhor Presidente No âmbito das particulares relações que unem a Lombardia e a sua capital a Portugal, gostaria de destacar a área do urbanismo e da arquitectura, em que a colaboração e o diálogo entre portugueses e italianos têm dado lugar a profícuas e enriquecedoras experiências e conduzido a notáveis realizações concretas. Esta cooperação bem conseguida testemunhamo-la, por exemplo, no interesse que a obra original e o pensamento pioneiro de arquitectos portugueses como Siza Vieira, Souto Moura - cuja presença aqui muito me orgulha - ou Carrilho da Graça - suscita junto dos seus colegas italianos. Exprime-se também na sincera admiração que em Portugal nutrimos pelos grandes mestres da arquitectura contemporânea italiana. Mas manifesta-se na execução de magníficos e exemplares projectos conjuntos. Bastará, para tanto, evocar o Centro Cultural de Belém, um projecto de Vittorio Gregotti e Manuel Salgado, que passou a fazer parte do roteiro afectivo dos Portugueses e que, a meu ver, representa uma feliz síntese das nossas afinidades. Por isso também, entendi por bem, assinalar a minha visita a Milão patrocinando uma exposição sobre Arquitectura e Design Português, que terei o prazer de inaugurar esta tarde na Triennale. Senhor Presidente Admiramos a obra levada a cabo nesta cidade com vista a uma maior humanização dos espaços urbanos, à preservação do património, à protecção do ambiente, à recuperação das zonas mais antigas bem como à melhoria constante do quotidiano dos seus habitantes. Por experiência pessoal, como antigo munícipe que sou, sei como as funções que desempenha são complexas e exigentes. Sei como é fundamental a capacidade de desenvolver a proximidade, a abertura e a participação democrática e a integração das comunidades. Nos nossos dias, a solução de muitos dos problemas que afectam o quotidiano dos cidadãos depende do empenhamento e do dinamismo dos eleitos locais. Os órgãos eleitos locais não podem ficar à margem ou indiferentes aos grande desafios civilizacionais com que estamos confrontados. O desenvolvimento não se resume à componente do crescimento, tem que ser visto numa perspectiva pluridimensional, de desenvolvimento sustentável. Existe hoje o sentimento generalizado de que o sentido da intervenção política só pode ser o de proporcionar um reencontro das criações da sociedade com o homem e as suas faculdades. Humanizar a cidade, humanizar o território constituem pois os caminhos para a reconquista de um novo equilíbrio entre o Homem e a Natureza, entre a sociedade, a técnica e a ciência, entre o indivíduo e a comunidade, entre as minorias e a comunidade, entre o poder e cidadania. Este um desafio que se nos coloca a todos e que só em conjunto poderemos resolver. Formulo assim votos para que a cooperação entre Milão e a sua região e as cidades portuguesas encontre no futuro novas oportunidades de se desenvolver e que esta visita possa contribuir para aproximar ainda mais os portugueses e os italianos de Milão. Reitero-lhe, Senhor Presidente, os meus agradecimentos e desejo-lhe a si, aos seus colegas e a todos os habitantes da região Milanesa todos os sucessos.
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