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Banquete em honra do Presidente Federal da República da Áustria, Heinz Fischer
Palácio Nacional da Ajuda
Senhor Presidente da República da Áustria
Excelentíssima Senhora de Heinz Fischer Excelências Minhas Senhoras e meus Senhores É para mim uma honra e motivo de grato prazer acolher Vossa Excelência, Sua Excelentíssima Mulher e a ilustre comitiva que o acompanha. Em nome dos Portugueses e no meu próprio, quero, apresentar-lhe, Senhor Presidente, calorosas saudações de boas-vindas e formular votos de uma agradável e profícua estada entre nós. Ao saudá-lo, Senhor Presidente, quero também prestar homenagem ao político de talento, ao académico prestigiado e ao Amigo ilustre que Vossa Excelência tem sido. Neste momento, não posso deixar de evocar, na saudosa memória do Presidente Klestil, a visita de Estado que efectuei à Áustria em 2002 de que guardo as mais vivas recordações. Senhor Presidente Apesar de apartados no espaço, a história criou entre os nossos dois países uma íntima proximidade tecida por laços seculares. Graças a uma política de alianças entre as principais cortes europeias, a coroa portuguesa e a austríaca uniram várias vezes o seu destino. Aconteceu, por exemplo, com o casamento de D. João V com D. Maria Ana, irmã do imperador Carlos. Sucedeu com a união de D. Pedro, filho de D. João VI e futuro Imperador do Brasil, com a arquiduquesa Maria Leopoldina. Tornou a repetir-se com D. Miguel, que se refugiou em Viena, no auge das lutas liberais em Portugal. Mas foi também no seu país, Senhor Presidente, que a modernidade nasceu, marcando decisivamente a evolução política da Europa, a sua história cultural e devir da humanidade. Como não evocar, a este respeito, por um lado, o Congresso de Viena, do qual resultou um novo equilíbrio europeu e a paz entre as grandes potências. Por outro, o chamado fim de século, em que Viena se tornou o centro da cultura europeia e de todas as rupturas intelectuais, fazendo avançar as ciências e as artes, abrindo novos caminhos à criação, ao saber e ao conhecimento. Como não mencionar a Arte Nova, os pintores da Secessão, os escritores da revolta e da contestação, a música atonal e dodecafónica, as descobertas da termodinâmica, a invenção da psicanálise e as teorias e concepções dos originais pensadores que compunham o Círculo de Viena ? Senhor Presidente Hoje, Portugal e a Áustria são ambos partes no projecto europeu. Somos parceiros leais e cooperativos, temos desenvolvido relações sempre mais intensas de concertação e de respeito mútuo. Temos conseguido resolver, com maturidade, os problemas e as dificuldades que têm surgido. Sabemos, porque a experiência assim nos ensinou, que a União faz a força. Hoje detemos um capital mútuo de confiança que devemos saber frutificar a nível bilateral, no seio da União Europeia e das instâncias internacionais a que pertencemos. Talvez nenhum país melhor do que o seu represente a chamada Mittel-Europa, no centro geométrico das encruzilhadas da história contemporânea. Portugal, pela sua parte, tem-se afirmado com o seu perfil atlântico e a sua tradição universalista. Parece-me assim que a complementaridade entre os nossos dois países é quase perfeita. Há pois que saber beneficiar desta situação, potenciando as sinergias e multiplicando os projectos de cooperação e as parcerias. No nosso complexo e conturbado mundo, muitos são os desafios com que nos confrontamos. Desde já, no seio da União Europeia, temos que vencer o repto da Europa alargada por forma a que os problemas, naturais, que surgem não se sobreponham à formidável oportunidade histórica que vivemos. Somos agora Vinte Cinco a afrontar os desafios, mas temos de transformar o nosso impressionante peso numérico em força equivalente de solidariedade, de coesão, de confiança e de unidade. Pela frente, temos uma exigente agenda europeia de que consta um vasto e conhecido leque de pontos tão diversos quão importantes que constituirão uma prova de fogo para a Europa alargada. Citarei apenas dois: o da ratificação do Tratado Constitucional e o da aprovação das Perspectivas Financeiras. Depois, no plano internacional, temos que nos continuar a bater pelo reforço do multilateralismo para que continue a representar, sempre cada vez mais, uma oportunidade para a paz, a justiça e o desenvolvimento sustentado no mundo. Sei, aliás, que tal como Portugal, a Áustria está empenhada em reforçar a cooperação internacional e aposta, como nós, nas virtudes do diálogo e da acção conjugada da Comunidade Internacional para melhorar a Governação Mundial. Creio, Senhor Presidente, que os nossos dois países estão firmemente empenhados em contribuir para estes objectivos, bilateralmente, a nível europeu e no plano da multilateral. Até porque Portugal e a Áustria têm sido, desde há muito, um lugar de cruzamento de influências diversas, de encontro de culturas e tradições, abertos ao diálogo entre os povos, atentos ao progresso e ao bem-estar da Humanidade. Termino, formulando votos para que esta visita possa contribuir para aprofundar ainda mais o nosso conhecimento mútuo e encorajar o desenvolvimento da nossa cooperação. Peço a todos que me acompanhem num brinde pelas felicidades pessoais de Sua Excelência o Presidente da República da Áustria e da Senhora de Heinz Fischer, pela prosperidade da Áustria, pelo fortalecimento dos laços de cooperação e de amizade entre os nossos dois povos e países.
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