Brinde no Banquete oferecido em Honra do Presidente da Bulgária, Georgi Parvanov

Palácio Nacional da Ajuda
03 de Dezembro de 2004


Senhor Presidente da República da Bulgária
Excelentíssima Senhora de Georgi Parvanov
Excelências
Minhas Senhoras e meus Senhores

É para mim um grande prazer – e uma honra - acolher Vossa Excelência, Sua Excelentíssima Mulher e a comitiva que o acompanha nesta Visita de Estado a Portugal. Em nome dos Portugueses e no meu próprio, quero, apresentar-lhe, Senhor Presidente, calorosas saudações de boas-vindas e formular votos de uma agradável e proveitosa estada entre nós.

Embora já tenham decorrido mais de dois anos sobre a Visita de Estado que efectuei ao seu país, guardo vivas e gratas recordações dessa deslocação, que marcou um ponto de viragem nas nossas relações bilaterais no sentido de uma aproximação crescente e de uma intensa cooperação entre os nossos dois países, metas que então ambos subscrevemos.

Moveu-nos, sem dúvida, um propósito de antecipação da nossa parceria vindoura no seio da União Europeia, convictos de que, para além dos laços antigos que nos unem e das nossas afinidades culturais e históricas, importava apostar no futuro.

Regozijo-me sinceramente - e estou certo de que se trata de uma satisfação partilhada -, por este desígnio estar a ser cumprido com êxito.

Esta visita de Estado a Portugal, para além dos contactos regulares e intensos que os representantes dos nossos Parlamentos, Governos e Administrações têm mantido aos mais diversos níveis, ilustram bem a intensidade do nosso relacionamento político.

Também a evolução positiva, embora tímida, das nossas trocas comerciais são um sinal encorajador de futuros desenvolvimentos neste campo de cooperação. Como não mencionar a este respeito a crescente afirmação no mercado búlgaro das empresas portuguesas do sector da construção, como exemplo promissor das potencialidades que o relacionamento económico luso-búlgaro encerra ?

Por último, no plano cultural, a Bulgária e Portugal, países com uma tradição rica e antiga, têm desenvolvido relações estreitas, registando-se uma nítida melhoria a nível dos intercâmbios e do nosso conhecimento mútuo. Mas, esta é uma via inesgotável que urge aprofundar cada vez mais, até porque é na descoberta da nossa diversidade cultural e do enriquecimento mútuo dela decorrente que encontramos razões acrescidas de colaboração no projecto europeu.

A este balanço muito positivo e estimulante que faço da evolução do nosso relacionamento bilateral nestes últimos anos, não foram certamente alheios o empenho do seu Governo, de que será justo salientar a pessoa do seu Primeiro Ministro, bem com, Senhor Presidente, a sua estima particular por Portugal e pelos portugueses e o impulso pessoal que tem dado ao reforço do diálogo luso-búlgaro.

Senhor Presidente

Quando há dois anos visitei o seu país, a Bulgária preparava-se para aderir às estruturas euro-atlânticas, objectivos de que Portugal sempre e desde a primeira hora foi firme e incondicional apoiante. Entretanto, a Bulgária é hoje membro a título pleno da Aliança Atlântica e concluiu já as negociações de adesão à União Europeia.

Foram tempos muito intensos marcados por uma extraordinária aceleração da história. A União conta hoje com vinte cinco Estados Membros e prepara-se para receber a Bulgária e a Roménia a muito breve trecho, sem descurar por isso os restantes candidatos à integração. Também a NATO encerrou este ano o processo de alargamento aos países da Europa Central e Oriental que encetara em 1999, dedicando agora especial atenção aos países da região balcânica.

Ao redesenhar o novo mapa da Europa, podemo-nos orgulhar de termos conseguido vencer as barreiras da geografia e os ressentimentos do passado, virando assim uma página decisiva da nossa história colectiva. Há agora que consolidar os caminhos do futuro, que todos queremos de sucesso, mas cujas intrínsecas dificuldades seria irresponsável ignorar.

A Europa reunificada, a Europa unida, a que a Bulgária se apresta a aderir, encontra-se, como sabe, numa nova encruzilhada. Pela frente, temos uma exigente agenda europeia que inclui um vasto leque de questões tão importantes quão complexas. Penso, por exemplo, na aprovação das próximas Perspectivas Financeiras, na ratificação do Tratado Constitucional europeu, na aplicação da Estratégia de Lisboa e no aprofundamento da Política Externa e de Segurança Comum, em que incluo o desenvolvimento das Novas Relações de Vizinhança.

Para levarmos a bom porto estas tarefas serão necessários um suplemento de confiança bem como o reforço da solidariedade, da coesão e da capacidade de diálogo entre os parceiros.

Não duvido de que no seio da grande família europeia, a Bulgária contribuirá firmemente para este objectivo e poderá de futuro vir a assumir um papel próprio, designadamente através das relações de vizinhança que souber estabelecer com os países limítrofes, concorrendo assim para a prossecução dos ideais europeus e democráticos que nos são comuns bem como para a consolidação da estabilidade e da segurança na Europa.

Senhor Presidente

A União Europeia faz sentido porque no nosso mundo globalizado se não unirmos os esforços dificilmente conseguiremos fazer ouvir oficialmente a nossa voz no seio da Comunidade Internacional. A União Europeia vale por si – como projecto de paz e comunidade de valores e de destino - mas também pelo que representa na rede complexa do multilateralismo.

Nunca será de mais repetir que a mundialização, que marca o nosso tempo, imprime a muitos dos desafios com que nos confrontamos uma dimensão global, que exige estratégias também globais na procura de soluções para estes problemas. É o caso, por exemplo, da luta contra o terrorismo e de outras formas organizadas de criminalidade internacional. É o caso também do desenvolvimento sustentável ou mesmo da paz e da segurança no mundo. Acresce que o mesmo se pode dizer das oportunidades criadas pela globalização. Para que, de resto, as ameaças e os desafios não se sobreponham às oportunidades, é imprescindível consolidar o diálogo e a concertação multilaterais e desenvolver as bases de uma melhor Governação Mundial.

Todos sabemos que, tal como Portugal, a Bulgária está empenhada em reforçar a concertação multilateral e aposta, como nós, nas virtudes do diálogo e da acção conjugada da Comunidade Internacional para resolver os problemas do nosso tempo. Creio, Senhor Presidente, não errar, se disser que há entre os nossos dois países uma sólida sintonia e um igual empenho em contribuir quer bilateralmente como a nível europeu e no plano multilateral para a construção de um mundo com um rosto mais humano.

Termino, exprimindo um desejo, que é também uma certeza: a de que esta visita irá contribuir para o aprofundamento do nosso conhecimento mútuo e o desenvolvimento da nossa cooperação, prefigurando claramente o que será a nossa futura parceria no seio da União Europeia. Para o reforço das nossas relações, estou certo, em muito concorrerá também a expressiva comunidade búlgara a residir em Portugal, a qual constitui um importante traço de união e um vector de proximidade entre os dois povos.

Peço a todos que me acompanhem num brinde pelas felicidades pessoais de Sua Excelência o Presidente da República da Bulgária e da Senhora de Georgi Parvanov, pela prosperidade da Bulgária, pelo fortalecimento dos laços de cooperação e de fraternidade entre os nossos dois povos e países.