Discurso proferido por Sexa o PR por ocasião da Cerimónia de Entrega do Prémio Fernando Namora ao escritor António Lobo Antunes

Casino do Estoril
25 de Janeiro de 2005


É com muito gosto que estou de novo aqui para a entrega do prémio Fernando Namora a um escritor português. Quero, como me cumpre, evocar em homenagem a memória daquele sob cuja inspiração o prémio se criou e louvar a constância da Sociedade Estoril-Sol no apoio à cultura. Este ano e por feliz coincidência, o Prémio Fernando Namora distingue António Lobo Antunes, grande escritor, que comemora 25 anos da sua vida literária. É caso para dizer: como o tempo passa! Lembro-me muito bem, quase como se fosse ontem, da publicação dos seus primeiros livros, da novidade que eles representaram, e do prazer que tive na sua leitura. Percebia-se logo que se estava perante um escritor de muito talento, que iria marcar a nossa literatura. E assim aconteceu crescentemente. Durante este quarto de século, o autor de Memória de Elefante foi-nos dando sucessivos livros com que a sua mestria se foi afirmando.

Percorremos esta vasta obra, admirando a sua grande diversidade e, ao mesmo tempo, a sua profunda unidade. Renovador da língua portuguesa e da linguagem ficcional, criador de novas técnicas narrativas, intérprete dos motivos do imaginário português e do nosso inconsciente colectivo, romancista das grandes questões do nosso tempo, cronista excepcionalmente dotado, António Lobo Antunes é um extraordinário escritor português, europeu e universal.

A imensa irradiação da sua obra, mesmo nas culturas tradicionalmente menos próximas da nossa, é uma prova do reconhecimento internacional de que goza.

Sou velho admirador e amigo de António Lobo Antunes e da sua família. Segui cada passo da sua carreira, cada triunfo seu, muito de perto e com muita alegria. Felicito-o, por isso, com grande júbilo, por este Prémio e por esta celebração. Muitos parabéns e muito obrigado pelo que nos tem dado de sabedoria, de lucidez, de prazer.

Um quarto de século de vida literária tão intensa e tão prestigiada merece ser assinalado a um nível institucional e nacional. Quero, como Presidente da República e em nome de Portugal, testemunhar o nosso reconhecimento pelo muito que tem feito pela nossa cultura, prestigiando-a e provocando, através da sua obra, o interesse de muita gente por ela. Em sinal desse reconhecimento e celebrando a sua vida literária, a obra e o autor, vou-lhe entregar a mais alta condecoração portuguesa para as artes, as letras e a ciência: a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada. É com muita alegria pessoal que o faço e certo de que estou a cumprir um acto de justiça e um dever de homenagem.