Mensagem de apelo ao voto

Palácio de Belém
19 de Fevereiro de 2005


Amanhã, os portugueses são chamados a votar. Esta eleição da nova Assembleia da República, da qual sairá um novo governo para Portugal, realiza-se num momento de grande dificuldade e exigência, e num contexto de crise. Tem, por isso, uma importância acrescida.

Na verdade, todos reconhecem que vivemos um tempo que exige um elevado sentido de responsabilidade e de determinação. Todos concordam – e a campanha eleitoral confirmou esta apreciação – que há uma crise que se manifesta por diversas formas. E se nem todos os responsáveis políticos e nem todos os analistas fazem a mesma avaliação das suas causas e da sua caracterização, da sua extensão e da sua profundidade, nenhum deles nega, porém, a sua existência e a necessidade imperiosa de lhe responder com reformas estruturais e com medidas urgentes e eficazes. Todos concordam que não é possível deixar andar, como se nada fosse.

Ao ter devolvido a palavra ao eleitorado para que se pronuncie, decidindo em liberdade e escolhendo em consciência qual o caminho que quer para Portugal nos próximos anos, fi-lo usando os meus poderes constitucionais, tendo em conta o interesse nacional e ciente da importância para o país de que esta eleição se reveste.

Em democracia, é o eleitorado quem detém a soberania primeira e é ele a fonte da legitimidade. Ao votar, o eleitorado responsabiliza e responsabiliza-se. Estou certo de que o fará com integral consciência das dificuldades desta hora, mas, ao mesmo tempo, com confiança nas instituições e no futuro do nosso país. Em cada eleição é, de facto, o futuro que cada eleitor escolhe e determina – o futuro de cada um e o futuro de todos.

Sabemos que os próximos tempos continuarão a não ser fáceis. Sabemos que as dificuldades e os desafios só se vencerão com o empenhamento de todos. Votar é, sem dúvida, uma forma fundamental e consequente de afirmar esse empenhamento. Portugal exige-o de todos nós. A indiferença e o alheamento da vida da comunidade não resolvem nenhum problema. Pelo contrário: com indiferença e alheamento todos os problemas se multiplicam e se agravam.

Em democracia, todas as crises têm uma solução. A qualidade única das democracias representativas é assentarem a sua legitimidade numa relação de confiança entre os cidadãos e o poder político. Como cidadãos, somos, todos e cada um de nós, os primeiros e os últimos responsáveis pelos destinos da nossa comunidade política nacional. Como cidadãos, temos uma parte de poder e uma parte de responsabilidade que não podemos alienar, quando somos chamados a escolher os nossos representantes.

Portugal está numa encruzilhada. Neste momento, a escolha da melhor forma de responder à crise portuguesa está nas mãos dos cidadãos. Confio no sentido de responsabilidade do eleitorado, na sua seriedade, na sua lucidez. Amanhã, vamos votar com responsabilidade cívica e confiança na nossa democracia e no nosso país. Estou certo de que a escolha dos portugueses será, como no passado ficou demonstrado, a boa escolha para Portugal.