Mensagem telegráfica dirigida ao Cardeal Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa pelo Presidente da República Portuguesa

Lisboa
02 de Abril de 2005


Foi com profunda consternação que tomei conhecimento da morte de Sua Santidade o Papa João Paulo II. Nesta hora de luto, dirijo-me a Vossa Eminência para apresentar, em nome do Povo Português e no meu próprio, o meu profundo pesar e a expressão das minhas mais sinceras condolências à Igreja e aos católicos portugueses.

O Papa João Paulo II, com a sua forte personalidade, foi uma das figuras mais marcantes do nosso tempo. Liderou a Igreja Católica durante 27 anos, período longo e rico em mudanças no mundo, tendo. através da sua acção, dado um importante contributo para algumas dessas profundas alterações. O seu pontificado ficará marcado por uma visão marcadamente universalista, ecuménica e por corajosos gestos de reconciliação; por uma defesa permanente e inequívoca da paz e dos direitos humanos; e por uma incansável e vigorosa defesa dos mais pobres e excluídos.

Gostaria, nesta ocasião, de salientar a especial ligação que o Papa João Paulo II sempre demonstrou ter com Portugal e, muito em particular com Fátima. Os gestos de apreço para com Portugal e de afecto para com o Povo Português repetiram-se ao longo de todo o seu pontificado, não se limitando às três marcantes visitas que realizou ao nosso país. Tive a honra de o receber e acompanhar na última dessas visitas, no ano de 2000, e dela guardo vivas recordações, designadamente da profundidade da sua dimensão humanista e das palavras de amizade que então dirigiu ao Povo Português.

Há apenas quatro meses, tive ocasião de me encontrar novamente com Sua Santidade o Papa no Vaticano e pude testemunhar, uma vez mais, a imagem de autenticidade que João Paulo II sempre carregou e projectou, ao ver a sua vontade e determinação pessoal em prosseguir a sua acção, apesar do seu debilitado estado de saúde. Também nessa ocasião, João Paulo II teve palavras de muita amizade para com o Povo Português.

Renovando a Vossa Eminência as minhas mais sentidas condolências à Igreja Católica portuguesa, peço-lhe que aceite os protestos da minha mais elevada consideração e estima.