Sessão de Abertura do IV Congresso da Associação CAIS

Lisboa
14 de Março de 2005


Começo por vos felicitar pela oportuna realização do IV Congresso da Associação CAIS que decorre, hoje e amanhã, sob o Tema “Economia para Todos – que não nacionalize o sucesso e privatize o sofrimento”.

O conjunto de Temas que vão ser abordados neste Congresso e a reconhecida qualidade dos Oradores que os vão abordar é garantia clara do seu interesse.

Recordo que, no calendário internacional deste ano, estão inscritos variados Temas, os quais traduzem enormes preocupações da comunidade internacional, e mostram a oportunidade do vosso Congresso.

Assim:

- está em curso o Ano Internacional para o Microcrédito;
- decorre o Ano Europeu da Cidadania através da Educação;
- estamos no penúltimo ano da Década para a Erradicação da Pobreza (1997 – 2006);
- estamos a meio da Década Internacional para a Promoção de uma Cultura de Não Violência para Bem das Crianças do Mundo (2001 – 2010);
- estamos ainda num dos primeiros anos da Década para a Alfabetização: Educação para Todos (2003 – 2012).

Saúdo as Técnicas de Acção Social, os Estudantes Universitários e os Colaboradores do Mundo Empresarial, que constituem o núcleo forte de participantes deste Congresso e que garantirão a vivacidade dos debates e o enriquecimento das conclusões.

A CAIS está no terreno há 11 anos e é hoje uma Associação prestigiada e que se destaca entre as que no nosso País se dedicam às causas sociais e ao combate às desigualdades e à exclusão.

Reconheço na CAIS a sua importante missão de apoio à reinserção social dos cidadãos sem-abrigo, materializada na publicação de uma importante Revista, talvez a sua face mais visível, por ser vendida pelos cidadãos sem-abrigo, com um código de conduta rigoroso, devidamente identificados e que se dirigem aos seus concidadãos de uma forma exemplar.

As suas recentes iniciativas, como a Ponte Digital, com o objectivo de proporcionar às populações desfavorecidas o acesso às tecnologias de informação e as Noites Anuais de Solidariedade para com grupos excluídos, são merecedoras de louvor.

Tenho também conhecimento da próxima realização, a partir de uma importante parceria que estabeleceram com outras instituições públicas, privadas e do terceiro sector, da Feira Social, 1ª Mostra Anual da Acção Social Portuguesa, dedicada ao Tema da Sustentabilidade dos Projectos Sociais.

Faço votos para que esta Mostra seja visitada, de modo a que se conheça o que melhor está a ser feito pelos nossos concidadãos que se decidam ao desenvolvimento de projectos no âmbito da intervenção social, desenvolvimento local, apoio comunitário e cidadania empresarial.

Tenho, nos meus mandatos, procurado chamar a atenção para a necessidade vital que temos de valorizarmos os nossos concidadãos, a partir daquele princípio que enunciei logo no discurso da minha primeira posse como Presidente – a ideia de que não há portugueses dispensáveis.

De facto, persistem desigualdades gritantes em diversas áreas, tais como:

- na educação
- no emprego e no desemprego
- no acesso à saúde
- na participação social e política
- entre os géneros
- entre gerações
- entre cidadãos nacionais e imigrantes
- entre partes do territórios
- na distribuição dos rendimentos

O combate às desigualdades é um imperativo da democracia e da coesão nacional. Os países mais desenvolvidos socialmente são também os que têm uma democracia de maior qualidade. Renovo as minhas saudações a todos e estimulo-vos a que continueis o vosso trabalho pela integração e contra a exclusão.