Deslocação aos Distritos de Portalegre

Crato
19 de Março de 2005


Como é sabido, a população portuguesa está a envelhecer de maneira acentuada. Isso acontece não só porque aumenta o número de pessoas idosas mas também porque diminuiu o número de crianças e de jovens.

Perante esta realidade, o problema do envelhecimento justifica a mais alta prioridade. Por tal motivo, os diferentes governos têm adoptado medidas várias no nosso país, à semelhança do que acontece nos países mais avançados.

A política social mais importante a favor da pessoa idosa baseia-se no direito a uma pensão e na elevação do respectivo montante. Felizmente, hoje em dia, é muito mais alto, do que há décadas, o número de pensionistas, e subiram também os montantes das pensões. Mas, infelizmente, esses montantes ainda são modestíssimos na maior parte dos casos, e existem pessoas sem qualquer rendimento. Deste modo, ainda temos um longo caminho a percorrer.

O outro conjunto de medidas de política a favor das pessoas idosas respeita aos equipamentos sociais, como por exemplo, lares, centros de dia e de apoio domiciliário. Registaram-se progressos assinaláveis ultimamente, na criação e apetrechamento destas estruturas. Tal progresso é patente em todo o país, bem como no concelho e no distrito de Portalegre.

Mas, também aqui, se observam insuficiências preocupantes: ainda existem carências de equipamentos sociais em muitas zonas do país e, sobretudo, são pouquíssimos os lares e unidades de cuidados continuados concebidos para os “grandes dependentes”. Daí resulta que os “grandes dependentes”, sobretudo os “acamados” são hoje um problema social gravíssimo, perante o qual o país ainda está muito longe de assumir dignamente as suas responsabilidades.

Um terceiro conjunto de medidas a favor das pessoas idosas consiste no chamado envelhecimento activo. O envelhecimento activo traduz-se na sabedoria de envelhecer e no esforço para que, em qualquer idade, se mantenham níveis elevados de actividade e de interesse pela vida. Umas pessoas idosas desejarão continuar a sua actividade profissional. Outras procuraram fazer aquilo que não realizaram quando eram mais novas. Outras dedicar-se-ão à família, ao trabalho voluntário ou a ocupações diversas de acordo com o gosto pessoal e os meios disponíveis. O importante é que a pessoa idosa não se deixe morrer por dentro, procure ser feliz e saiba ser útil e solidário para com
outrem.

Tive hoje a grata oportunidade de presenciar iniciativas de alto mérito que se situam na melhor linha de orientação: procuram garantir a protecção desejável às pessoas idosas e, ao mesmo tempo, contribuir para que o envelhecimento seja activo, feliz e solidário.

Faço votos de que esta orientação continue assim no futuro. Faço votos também de que, nestas terras marcadas pelo envelhecimento e pela desertificação, se possam levar a efeito verdadeiras iniciativas de desenvolvimento local, abertas a todas as idades e promissoras de um futuro mais rejuvenescido e baseado na cooperação solidária entre todas as gerações.