Deslocação aos Distritos de Portalegre

Ponte de Sôr
17 de Março de 2005


Na primeira intervenção que faço nesta visita a alguns Concelhos do Distrito de Portalegre, gostaria de referir que entendo a minha deslocação como mais uma manifestação da preocupação que tenho com as populações penalizadas pelas fortes assimetrias de desenvolvimento existentes no País.

Todos os diagnósticos sobre esta matéria indicam que a região do Alto Alentejo, no seu conjunto, apresenta sintomas de declínio demográfico e de grande fragilidade económica.

Para quem, como eu, pensa que não há fenómenos sociais inteiramente irreversíveis, é gratificante saber que, nos dez anos que separam os dois últimos Censos, a perda populacional no conjunto da região Alentejana se atenuou e que, precisamente aqui – no Concelho de Ponte de Sôr –, se verificou mesmo uma variação positiva de quase 2%.

Para tanto, muito terá contribuído a diversificação do tecido económico e a intensificação do investimento industrial concretizados neste Município nas últimas décadas.

Foi com grande júbilo que, mais uma vez, pude contactar com projectos industriais reveladores das capacidades da região para atrair investimento nacional e estrangeiro, produzir bens industriais com evidente sofisticação tecnológica, aproveitando nalguns casos recursos naturais da região, e participar em mercados internacionais muito competitivos.

O facto de estes projectos recorrerem a técnicos e outro pessoal qualificado formados em Portugal demonstra, entretanto, que temos instituições de ensino à altura dos desafios que se colocam à economia portuguesa em matéria de inovação, qualidade e produtividade.

Quando se pensam estratégias de desenvolvimento para regiões económica e demograficamente fragilizadas, é ainda muito frequente admitir que elas se têm de basear em sectores tradicionais e em recursos naturais. Ora, o Concelho de Ponte de Sôr mostra que os caminhos de desenvolvimento do Alentejo podem passar por actividades de alta tecnologia e mesmo pela criação de autênticos pólos de excelência em inovação industrial, ainda que, como no caso de unidades ligadas à indústria corticeira, essa inovação não prescinda de um importante recurso natural da região.

Infelizmente, o surto de desenvolvimento que vem caracterizando a vida do Município de Ponte de Sôr não é ainda suficiente para o arrancar de escalões desfavorecidos em termos de Poder de Compra per capita (68,1% da média nacional). Tudo indica, no entanto, que os próximos anos continuarão a ser tempo de progresso para os seus habitantes e motivo para as gerações mais jovens aqui encontrarem boas oportunidades de realização pessoal e profissional.

Faço votos para que os responsáveis políticos nacionais e locais cooperem intensamente no sentido quer da resolução dos problemas do Município, quer da definição atempada de estratégias de desenvolvimento sustentável para a região.