Deslocação aos Distritos de Portalegre

Gavião
19 de Março de 2005


Os diagnósticos sobre assimetrias de desenvolvimento no território nacional indicam que a região do Alto Alentejo, no seu conjunto, apresenta sintomas de acentuado declínio demográfico e de grande fragilidade económica.

O Concelho de Gavião é, infelizmente, um exemplo extremo de tais tendências, sendo preocupante que, nos dez anos que separam os dois últimos Censos, a sua população residente tenha diminuído mais de 17%.

Não menos preocupante será, por outro lado, o facto de o último Índice de Poder de Compra per capita publicado pelo INE apontar para um valor concelhio de apenas 55% da média nacional.

Como todos sabemos, a situação económica e social do Concelho foi agravada, em tempos recentes, por trágicas vagas de fogos florestais. Com eles, não foi apenas o bem estar das actuais gerações que ficou ameaçado. Foram as próprias possibilidades de formulação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável capaz de fixar e atrair no futuro as populações que foram postas em risco.

Vejo, com satisfação, que os cidadãos de Gavião não se conformaram com a situação e estão dispostos, com a autarquia, a tentar recuperar o património secular ingloriamente perdido.

Mas há outros sinais de que, com determinação e sentido estratégico, os bloqueamentos ao desenvolvimento poderão ser ultrapassados, pelo menos em parte.

É nesse sentido que apontam os esforços destinados a aperfeiçoar a agricultura de regadio; e o facto de se estarem a criar condições para a cortiça, recurso natural por excelência da região, passar a ter aqui condições para o seu aproveitamento iondustrial é igualmente sintomático de que poderemos estar a assistir a uma viragem fundamental na estruturação do tecido económico local.

É uma impressão que, aliás, sai reforçada com a ampliação da zona industrial do Gavião. Dada a sua localização, é de esperar que tal empreendimento contribua activamente para dinamizar não apenas o Concelho, como toda a vida económica da região.

E aqui está uma perspectiva aliciante para quem, como eu, pensa que o progresso de cada Município tem de ser equacionado em função dos horizontes mais gerais da região em que se insere.