Encerramento do Seminário Económico sobre “Competitividade e Inovação”

Lyon, França
14 de Abril de 2005


Senhor Presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Lyon
Senhores Ministros
Senhor Presidente do ICEP
Senhores empresários


É com especial prazer que vos dirijo estas breves palavras, agora que está concluída esta manhã de trabalho que, espero, terá permitido uma troca de experiências valiosa entre as entidades e empresas francesas e portuguesas aqui presentes.

A realização deste evento, no quadro da visita de Estado que estou a efectuar, pretendeu, antes de mais, simbolizar a necessidade absoluta que existe de incrementar o nível de conhecimento recíproco e a cooperação entre os agentes inovadores dos países da União Europeia, e em particular dos que trabalham nos nossos dois países. Essa é a via que, entre outras, permitirá fazer face aos desafios da modernização e do progresso económico e social, assegurando a competitividade da economia europeia no quadro global.

A inovação científica, técnica e organizacional – influenciando por seu turno a qualidade do investimento – é um elemento imprescindível do crescimento moderno. Por seu turno, o aumento da competitividade das empresas, através da difusão de novas atitudes e práticas de inovação empresarial, é uma condição essencial para o progresso, aumentando a nossa capacidade de influenciar a escolha do futuro.

Para que isso seja possível, é necessário dinamizar as relações entre componentes dos sistemas nacionais de inovação, estimular e sensibilizar as empresas para a urgência de um investimento mais reprodutivo em investigação e desenvolvimento bem como tornar mais frequente e natural o recurso às relações de trabalho entre a produção de saberes e o tecido económico. Estas são condições essenciais para que um país como Portugal possa vencer os desafios do futuro: empresas (motores últimos da inovação) e centros de saber têm que assumir a urgência e inevitabilidade de a sua ligação mútua se simplificar e agilizar, através de modos operativos eficientes, centrados num trânsito muito mais intenso de recursos humanos qualificados, tomando como referência o vasto espaço europeu.

No novo contexto, o que conta não é a mão de obra barata, mas sim a qualificação dos recursos humanos, a sua cultura e formação técnica. Para o efeito é fundamental aprofundar as relações entre as empresas e os sistemas científicos e tecnológicos. Como aliás ressalta claramente da "Estratégia de Lisboa", a própria União Europeia adoptou uma série de orientações políticas visando, entre outros aspectos, reformas económicas centradas na criação de potencial de crescimento e de inovação.

A necessidade de um mais claro entendimento acerca dos nossos desígnios estratégicos e do reforço da nossa identidade no espaço europeu obriga a um esforço cooperativo, que permita partilhar riscos sem prejudicar as naturais especificidades. Tal esforço não se compadece com actuações individualistas e, tantas vezes, sem dimensão suficiente. E obriga a considerar o espaço europeu como o terreno natural para desenvolver parcerias.

Numa estrutura empresarial caracterizada, sobretudo, por pequenas e médias empresas, as perspectivas de inovação passam assim e necessariamente, pela articulação dos sistemas científico, tecnológico, empresarial e financeiro, que condicionam e viabilizam estratégias empresariais e governamentais.

A França, e em particular esta bela região de Lyon, oferece-nos excelentes exemplos dessa articulação e dos resultados que ela pode trazer ao progresso económico e social. As entidades e empresas portuguesas aqui presentes são uma amostra daquilo que, também em Portugal, se tem vindo a fazer para criar condições ambientais propícias ao aparecimento e desenvolvimento de projectos inovadores.

Algumas empresas portuguesas já hoje, aliás, colaboram com sucesso em projectos de nível europeu. Mas temos um longo caminho a percorrer, e este seminário, assim como os contactos bilaterais que possa eventualmente suscitar, foram a forma simbólica com que quisemos sublinhar a importância que Portugal atribui a um reforço da cooperação económica luso-francesa, incluindo a troca de experiências sobre os mecanismos da inovação e a criação de condições para que cada vez mais empresas francesas tenham parceiros portugueses.

Termino, formulando votos para que esta manhã de trabalho tenha contribuído para o desenvolvimento dessa cooperação, e que novas iniciativas se possam estabelecer a partir daqui, reforçando a importância dos laços económicos entre a França e Portugal.