Discurso de SEXA PR por ocasião da Inauguração da Biblioteca e Galeria Municipal de Matosinhos

Matosinhos
09 de Maio de 2005


Senhora Ministra da Cultura
Senhor Presidente da Câmara Municipal
Minhas Senhoras e Meus Senhores

Acabo de chegar de uma visita ao Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto. Este Instituto comemora agora os seus 15 anos de existência, durante os quais foi possível afirmar-se como um dos pólos científicos de excelência a nível mundial. Isto deve-se à competência científica de quem o dirige, e ao seu corpo de investigadores, muitos deles jovens, que chegaram a um patamar de conhecimento que lhes permite estar a par com o que de mais avançado se faz na pesquisa científica neste domínio.

Ora, para se chegar a um tal edifício do conhecimento e da ciência, são necessários os alicerces. Estes alicerces são, desde logo, o ensino pré-primário, o básico e o secundário. É aqui que Portugal tem de travar uma árdua batalha. Contra a iliteracia e o abandono escolar, pela melhoria dos índices e práticas de leitura dos jovens, para que possam preparar-se para o futuro nas melhores condições. Por isso, a inauguração de uma nova Biblioteca Municipal nesta cidade de Matosinhos é um acontecimento da maior importância.

O acesso aos livros e à leitura representa um estímulo ao estudo, à satisfação de curiosidade, ao desejo de saber mais. Representa também emancipação, lazer e entretenimento, constituindo, sem dúvida, uma das mais sólidas bases de desenvolvimento cultural, social e económico também.

Não é necessário sublinhar mais a importância deste equipamento cultural e do contributo que trará a todos os seus utilizadores. Esta é mais uma biblioteca integrada na rede de bibliotecas públicas em Portugal, que representa ainda um apreciável investimento do país na sociedade de informação. É preciso ler mais, é preciso atrair mais leitores às bibliotecas e é preciso investir continuada e criteriosamente na actualização dos seus acervos. É preciso perceber-se que o livro e os novos suportes tecnológicos não são adversários, antes podem completar-se.

Esta nova biblioteca, apetrechada com os mais recentes meios tecnológicos, informáticos e audiovisuais, poderá prestar um importante serviço à cultura e à educação. É isso que todos desejamos. Um equipamento cultural que comporta uma Biblioteca, um Arquivo Municipal e uma Galeria de Arte será certamente um local de aprendizagem e de experiência artístico-cultural de grande relevo.

A Biblioteca Municipal com o nome de Florbela Espanca, homenageia justamente um grande nome das nossas letras. A sua obra está fortemente marcada pela inquietação e insatisfação, pela vontade de ser livre e emancipada.

Esta biblioteca poderá responder à inquietação dos jovens e de todos os leitores em geral e será mais um meio de ultrapassar a nossa insatisfação quanto aos índices de leitura que actualmente nos colocam muito abaixo do desejável. As bibliotecas e a rede de leitura pública são também um meio de atenuar este nosso défice cultural e um convite a que nos tornemos mais livres e emancipados, seguindo o belo projecto do pensamento iluminista.

Termino felicitando o autor do projecto deste belo conjunto arquitectónico, o Arq. Alcino Soutinho. Desejo-lhe as maiores felicidades à direcção e a todos os trabalhadores desta Biblioteca. Felicito também o Ministério da Cultura e o Município de Matosinhos por esta obra, que constitui um importante instrumento para o nosso desenvolvimento cultural.