Discurso de SEXA PR, por ocasião do Dia Nacional de Portugal na Exposição Universal de Aichi

Aichi
24 de Maio de 2005


Senhor Comissário Geral da EXPO
Senhor Vice-Presidente da EXPO
Senhor Comissário Geral do Pavilhão de Portugal
Senhor Chefe de Protocolo da Prefeitura de Aichi
Minhas Senhoras e meus Senhores
Caros amigos


Foi com muito prazer que aceitei o convite que me foi dirigido pelo Governo Japonês para participar nas cerimónias do Dia Nacional de Portugal na Exposição Universal de Aichi.

Fi-lo, sem hesitações e com grande expectativa, por várias razões. Primeiro, porque importa fortalecer no presente as antiquíssimas relações de cooperação e amizade que num remoto passado se estabeleceram entre o Japão e Portugal, quando uma nau portuguesa, atirada pelos mares, encontrou providencial refúgio em Tanegashima. Estava-se no longínquo ano de 1543 e desde então o diálogo encetado entre os nossos dois povos simbolizou o encontro de duas civilizações que nunca mais cessaram de dialogar, no respeito e na admiração mútua.

Em segundo lugar, porque as Exposições Universais, uma prática instituída desde meados do século XIX, têm sido uma ocasião e um lugar de raro simbolismo deste diálogo entre civilizações, continentes e culturas bem como de encontro entre os povos. Importava pois estar presente e dar relevante eco ao particular significado que para Portugal reveste participar neste acontecimento.

Por fim, porque o tema escolhido para servir de mote à Exposição de Aichi “A sabedoria da natureza” (Nature’s Wisdom) não podia ser mais oportuno neste princípio do século XXI em que se tornou inadiável cuidarmos dos problemas da Natureza e do ambiente, reequilibrarmos as relações entre os povos do hemisfério norte e sul e humanizarmos a vida em sociedade.

Portugal que, como sabem, organizou a Exposição de 1998 – ocasião memorável em que tive a subida honra de acolher Suas Majestades o Imperador Akihito e a Imperatriz, curiosamente neste mesmo dia 24 de Maio – manifestou desde o início todo o seu apoio à ideia de organizar esta Exposição de 2005 em Aichi e o seu inequívoco interesse e vontade em participar.

De facto, a nossa EXPO 98, cujo lema foi “Os Oceanos – um património para o futuro”, para além de evocar a gesta marítima dos navegadores portugueses que, dando novos mundos ao Mundo, ensaiaram uma primeira globalização, traduzia já a importância da temática este ano aqui retomada da preservação do meio ambiente e da natureza.

Tem de ser hoje uma preocupação prioritária da Humanidade a salvaguarda do nosso planeta – dos nossos mares, das nossas florestas, dos nossos recursos naturais, do eco-sistema, do ambiente. Tem de ser hoje uma causa comum da Humanidade o desenvolvimento sustentável, pelo qual nos devemos todos sentir responsáveis. Temos, por fim, de nos esforçar por continuar a pôr o desenvolvimento ao serviço das pessoas, por dar à solidariedade um conteúdo sempre mais concreto e universal.

Sei que a Exposição de Aichi, que vou ter hoje o prazer de visitar, é já um sucesso mundial e uma singular ocasião de descobrirmos a Sabedoria da Natureza, que os nossos amigos japoneses tão bem têm sabido conservar e de que depende afinal o futuro da Humanidade.

Estou certo de que Aichi dará um contributo significativo para que todos os seus visitantes – reais e virtuais – reforcem a consciência e o seu empenhamento na causa da ecologia, do ambiente e do desenvolvimento sustentável e que assim possamos fazer deste século o da afirmação de um novo equilíbrio entre o Homem e a Natureza, entre a sociedade, a técnica e a ciência, entre o indivíduo e a comunidade, entre as minorias e a comunidade, entre o poder e cidadania.

Desde já gostaria, em meu nome pessoal e no do país que represento, de felicitar calorosamente as autoridades japonesas e os organizadores deste notável evento bem como testemunhar a nossa gratidão pela hospitalidade e acolhimento que me têm reservado, a mim, a minha Mulher e à delegação que me acompanha.

Por último, uma palavra ainda de calorosas saudações a todos os habitantes de Oharu. O dia de Portugal que hoje celebramos é também o vosso e o nosso pavilhão representa a casa comum que partilhamos, símbolo quer do nosso comum amor pela Natureza mas também do porto de abrigo de Tanegashima, em que se deu o primeiro encontro entre japoneses e portugueses, no longínquo ano de 1543 em que encetámos um diálogo e uma amizade que têm sabido resistir à usura do tempo, às barreiras da geografia e da distância e aos desgastes da história. Façamos deste momento, em que se celebra o dia de Portugal em Aichi, um tempo forte das nossas relações e um novo ponto de partida para uma cooperação mútua sempre mais vasta e amiga.

Muito obrigado a todos