Discurso de SEXA PR, por ocasião da Cerimónia comemorativa da entrada da PME-Investimentos no capital de 13 empresas

Lisboa
01 de Junho de 2005


Senhor Ministro da Economia e da Inovação
Senhor Secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação
Senhor Presidente do IAPMEI
Senhor Presidente da PME Investimentos
Minhas Senhoras e Meus Senhores

Foi com grande interesse que acedi ao convite do Senhor Ministro da Economia para estar presente nesta cerimónia de celebração da tomada de participação em 13 novas empresas por parte da PME Investimentos, um dos mais antigos operadores de capital de risco em Portugal.

Continuo fiel à ideia de que há, sempre, em todas as circunstâncias, “mais vida para além do Orçamento”. As iniciativas de que aqui se trata são relevante exemplo disso mesmo.

Esse interesse, que as apresentações a que assistimos vieram confirmar, reside na constatação de que há caminhos possíveis na promoção e apoio à diversificação e modernização do nosso tecido empresarial, e que os capitais públicos podem ter aí um papel catalizador, quer pelo efeito demonstração que podem induzir, quer pela dinamização de parcerias entre promotores e investidores de diversa natureza.

Nesta altura, em que a crueza dos desafios que se nos colocam, para os próximos anos, no reequilíbrio das finanças públicas, está finalmente visível, faz mais sentido do que nunca salientar que há um caminho simultâneo de aceleração da modernização da nossa economia que é necessário trilhar.

O problema das finanças públicas deve ser visto - sempre o tenho dito - como uma restrição mas não como um bloqueamento no caminho urgente dessa modernização, que tem que assentar em mais qualificação e melhor gestão, como condições indispensáveis para que, no espaço de uma ou duas gerações, possamos atingir os níveis de competitividade médios da União Europeia.

O capital de risco, sobretudo quando assume a sua verdadeira natureza, tem um papel importante no apoio à aceleração da diversificação e inovação no tecido produtivo. Sejam investimentos de base tecnológica, de aposta na internacionalização ou de reforço de competências já existentes, é muitas vezes decisivo o suplemento de capital que permita que eles, desde que bem concebidos e geridos, possam desenvolver-se com estruturas de financiamento equilibradas, em que o serviço da dívida não absorva a atenção dos promotores e os recursos necessários ao seu crescimento.

Mas, por outro lado, há que caracterizar e delimitar o papel dos capitais públicos, ou das entidades que os canalizam, na oferta de capital semente e de risco. O primeiro é terreno delicado, mas indispensável, muitas vezes associado a esquemas de incubação de empresas, e onde o apoio deliberado e descomplexado de financiamentos públicos, de preferência associados a capitais de outras origens, faz sentido sobretudo no quadro de programas de fomento da investigação aplicada e do empreendedorismo. Já quanto ao capital de risco, o caminho é cada vez mais o da constituição de fundos e outras entidades intermediárias que, diversificando os seus participantes e os investimentos em que apostam, garantam uma gestão profissionalizada e um escrutínio da sua estratégia.

Os operadores de capital de risco públicos, ou maioritariamente públicos como a PME Capital, têm um papel importante à sua frente, funcionando como catalizadores que dinamizem veículos de investimento ou projectos meritórios, sempre que possível em associação com outros e bons parceiros, e assumindo a sua verdadeira natureza, como julgo ser hoje aqui o caso. Mas, há que dizê-lo, o maior dos desafios que o capital de risco enfrenta, sobretudo em Portugal, é o da recuperação da sua imagem, que ficou desde o início marcada pela perversão dos seus objectivos e, pior, no caso do de origem pública, pela noção de "hospital de empresas" e de dinheiro a fundo (quase) perdido. O capital de risco, público ou não, é capital, não é crédito não privilegiado ou desqualificado, que alguns empresários se habituaram a considerar que não há que remunerar ou resgatar. E o capital de risco público deve assumir as suas responsabilidades e participar, em pé de igualdade e em colaboração com outros operadores, na aposta nos investimentos que contribuam para criar riqueza no País, deixando a outros instrumentos de política pública os apoios aos sectores em dificuldade.

Estas novas participações que a PME Investimentos hoje formaliza parecem estar no bom e necessário caminho, e irão decerto contribuir para a renovação da sua carteira. Felicito os seus responsáveis e formulo votos para que o exemplo floresça, ao mesmo tempo que saúdo todos os promotores das empresas aqui apresentadas e lhes desejo as maiores felicidades.