Quero, antes de mais, saudar-vos e dar-lhes as boas vindas ao nosso país. É com grande prazer que vos recebo aqui no Palácio de Belém, por ocasião de mais esta reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas.

Quero, depois, manifestar a minha satisfação por verificar que este Conselho, criado em 1996, como órgão consultivo do Governo português está a cumprir a sua missão, a de transmitir junto das autoridades portuguesas os legítimos anseios e aspirações dos portugueses emigrados e de que Vossas Excelências são o porta-voz.

Quero, por último, formular votos para que esta vossa reunião seja profícua e permita, uma vez mais, atestar o nosso real empenho na valorização e na de defesa dos interesses das comunidades portuguesas que são também os nossos e os de Portugal.

Senhores Conselheiros

Os portugueses têm sabido tornar-se apreciados pelas sociedades em que foram acolhidos. Pela sua seriedade, pela sua capacidade de trabalho, pelo seu civismo. Mas só muito lentamente têm vindo a afirmar-se social e politicamente nessas sociedades. Quero dirigir-vos, pois, um apelo: organizem-se, participem na vida política e social das sociedades em que se integram, façam ouvir a vossa voz para que o vosso contributo seja valorizado e reconhecido!

Uma boa integração nas sociedades de acolhimento e uma participação cívica activa são essenciais para viverem plenamente a vossa cidadania e para se sentirem também mais portugueses, valorizando assim os laços que os unem a Portugal.

Portugal tem procurado cultivar esses laços, promovendo o ensino do português, estimulando o conhecimento do país junto dos luso-descendentes da segunda e muitas vezes da terceira geração, facultando-lhes o direito de participarem também na vida política portuguesa. Tenho aliás muito orgulho em ter sido o primeiro Presidente da República eleito com os votos dos nossos emigrantes.

O país de onde tantos portugueses partiram, em busca de melhores condições de vida, mudou muito nos últimos trinta anos. Hoje, é um país democrático, desenvolvido, prestigiado, aberto e tolerante, integrado na União Europeia e na Comunidade Internacional.

Olhar para o longo caminho percorrido, num intervalo de tempo afinal curto à escala da História, permite-nos retemperar forças e redobrar de determinação para ultrapassar as dificuldades que o país actualmente atravessa.

Mas não nos iludamos: sem esforço e empenho colectivo dificilmente conseguiremos vencer os desafios que temos pela frente. Contamos convosco e também com a vossa compreensão e sobretudo com o vosso exemplo.

Meus amigos

Quase no termo do meu segundo e último mandato como Presidente da República, posso dizer que convivi amplamente com as comunidades portuguesas no estrangeiro, às quais sempre procurei, durante as inúmeras visitas que realizei, dar um merecido lugar de destaque, dedicando toda a atenção às suas preocupações e ansiedades. Guardo aliás desses momentos de convívio algumas das memórias mais emocionantes da minha carreira política. Tem-me sido grato verificar que a distância não diminui – antes pelo contrário – o amor que têm por Portugal e o orgulho que sentem em ser portugueses. Quero assegurar-vos, pela minha parte, que Portugal não esquece os seus, estejam eles onde estiverem.

Que me seja permitido nesta ocasião, endereçar uma palavra especial de solidariedade às comunidades portuguesas que, por esse mundo fora, se confrontem com situações de violência e de insegurança, seja ela de natureza económica ou social. Faço votos de que os portugueses que vivem e trabalham nessas condições possam continuar a dar o seu contributo para a construção de sociedades democráticas, justas e tolerantes nos países de acolhimento.