Intervenção proferida na Sessão de Encerramento da Jornada sobre Turismo

Tróia
08 de Novembro de 2005


Chegados ao fim desta Jornada Temática sobre Turismo, devo começar pelos agradecimentos a muitas pessoas e entidades

- Ao Secretário de Estado do Turismo e sua equipa (sempre presente);

- Aos responsáveis Presidentes das Regiões de Turismo, em especial à

- Srª Secretária-Geral da Associação Nacional das Regiões de Turismo;

- A todos, autarcas eleitos, e seus colaboradores, demais entidades e institutos públicos, empresários, que ajudaram a Presidência da República na extensa auscultação dos vários protagonistas, nos momentos de preparação desta Jornada;

- À Confederação de Turismo de Portugal;

- Ao Instituto de Conservação da Natureza;

- À Força Aérea Portuguesa, pela permanente e eficaz disponibilidade, sem o que não teria sido possível estar presente, nos dias disponíveis, em tantos pontos do território nacional;

- Às GNR e PSP, idem;

- Aos cidadãos em geral que se dignaram estar presentes, nas várias manifestações, sintoma de interesse e disponibilidade;


Porquê esta Jornada temática dedicada ao Turismo? São várias as razões:

- pela importância do sector no PIB português;

- é actividade criadora de emprego, geradora de receitas significativas;

- representa um sector com grandes possibilidades de desenvolvimento em todo o país;

- é actividade integrada no contexto de mundialização da economia, é produto de criação endógena e, sofrendo naturalmente dos embates da globalização, oferece condições de oportunidade diversificadas, de iniciativa e de investimento em todo o território nacional.
Porque é actividade que valoriza as características e potencialidades de todo o território; é um componente forte do desenvolvimento regional que pode contribuir para uma maior coesão económica e social no nosso país.

- É um sector, o turístico, transversal na nossa vida colectiva. Transversal porque necessita de numerosos contributos, de múltiplas actividades e saberes. Por isso me dirigi a todos – Câmaras Municipais, industriais, agentes culturais, técnicos dos vários saberes, empresários do mobiliário, do design à construção civil, a todos os que, em suma, qualquer que seja o seu lugar, trabalham no sector.

É certo, como ouvi de um competente quadro em Vila Velha de Ródão, “que não há nenhuma loja que venda auto-estima”.

Mas o sector turístico pode dar um contributo sólido para que as nossas capacidades se afirmem e a nossa auto-estima e confiança se reforcem. (o programa para as 22 aldeias de xisto é tão importante para o anterior como este grande projecto de Tróia).

É um sector que enfrenta múltiplas oportunidades e desafios. É preciso aproveitar as primeiras e responder com eficácia aos segundos. Só assim saberemos triunfar contra os riscos e/ou insuficiências que o sector enfrenta e de que padece.


Quero mencionar nove pontos sobre o futuro.

- Primeiro, refiro as exigências da qualidade na oferta. São cada vez mais urgentes e evidentes. Só muito recentemente nos damos conta de que é a qualidade a todos os níveis que vai marcar o nosso futuro nesta área. Qualidade no grande e no pequeno empreendimento, qualidade nos agentes e na sua preparação profissional, qualidade nas opções e nos projectos. Não podemos fazer mais do mesmo a que rotineiramente nos habituámos.

Significará perder oportunidades e não perceber o que se está a passar.
A qualidade do sector pelo lado da oferta é o que justifica lançar e considerar todas as acções que levem à definitiva consagração de um produto global que se associe a uma marca ou identificação distintiva, e estas a Portugal.

- Em segundo lugar, quero mencionar a necessária diversificação pela via dos vários tipos de turismo, que aproveitem bem as variadas possibilidades que o território, na sua plenitude, oferece: a cultura, o património histórico construído, os costumes e os hábitos culturais, o vinho, o desporto, por exemplo. (o golfe, actividade a cuidar também com carinho e sustentadamente).

- Em terceiro lugar, quero afirmar que me parece claro que não podemos preparar um produto só para a elite. Precisamos de fazer qualidade para a gama alta como também para a gama média; precisamos de fazer e saber conviver o grande empreendimento com o pequeno e o médio, e fazê-lo escolhendo bem o que é que potencia cada lugar e cada capacidade.

- Em quarto lugar, o sector do turismo exige uma permanente actualização e competências em todos os seus protagonistas.

E trata-se, de agora em diante, de exigir capacidade, preparação e formação profissional a todos os níveis. Temos de combater o oportunismo e o Chico?espertismo, que degradam a nossa oferta e minam a nossa credibilidade. Combater os protagonistas do lucro fácil, sem responsabilidade nem capacidade é imperioso.

- Em quinto lugar, o sector requer também grande agilidade empresarial. Agilidade para inovar. Agilidade para responder aos grandes desafios da concorrência, agilidade para combater a sazonalidade, agilidade na capacidade profissional. Precisamos de bons empresários e trabalhadores competentes. Agilidade e inovação que consigam encontrar uma permanente e competitiva relação com o binómio qualidade/preço, onde a exigência quanto à qualidade deve andar paredes meias com a razoabilidade do preço em termos comparativos com os concorrentes, de modo a consolidarmos e ampliarmos o sector. A “árvore das patacas” já terminou. Agora é tudo mais exigente.

- Em sexto lugar, acessibilidades e transportes. Viabilizar novas oportunidades, com critério e sem enfartamentos.

- Em sétimo lugar, também é preciso trabalhar em conjunto, à mesma mesa. Todas as entidades, as autárquicas e as da administração central, com os empresários, para se ganhar tempo e eficácia.

- Em oitavo lugar, precisamos de uma administração pública forte a todos os níveis, cada vez mais competente. É a única forma de se defender o interesse público. De uma administração que responda em tempo útil ao que merece resposta positiva; e que responda negativamente, também em tempo útil, ao que é inviável, ilegal ou puramente especulativo e contra o interesse público. Não podemos ter a administração central e as Câmaras cheias de solicitações sem resposta; não as podemos ter também cheias de pedidos inviáveis, à espera de melhores dias ou de qualquer mudança de ares.

- Por último, a questão nacional do ordenamento do território, do desenvolvimento sustentado e à escala humana, do combate à especulação e ao interesse que é interesse predador.


Precisamos também de ter um turismo amigo do ambiente, precisamos de fidelizar públicos interessados nos diversos tipos de turismo não-predador e lesivo do futuro do nosso património. Viemos aqui a este novo empreendimento para encerrar esta jornada porque temos uma esperança de que será possível fazer bem – noto que foi preciso destruir duas torres para poder fazer melhor. É grande a expectativa.

Precisamos de arvorar a causa do ordenamento do nosso território, de modo a desenvolvê-lo em termos correctos e sustentados, como uma grande causa nacional. Esta não é apenas a única maneira de combater tantos desastres, mas também o modo como saberemos agir para o futuro, numa democracia activa e participada, de métodos transparentes e onde a igualdade de oportunidades para os cidadãos possa viver de mãos dadas com a iniciativa empresarial, competente e eficaz, solidária para com a comunidade nacional no seu conjunto.

Termino.

Estou optimista quanto à essencialidade do turismo para o nosso desenvolvimento; estou confiante nas capacidades mobilizáveis e nas iniciativas possíveis, para que o contributo do turismo seja cada vez maior e também mais harmonioso e sustentado para o futuro de Portugal.