Discurso de SEXA PR por ocasião da Iniciativa Cotec sobre Incêndios Florestais

Centro Cultural de Belém, Lisboa
28 de Novembro de 2005


Senhor Ministro de Estado e da Administração Interna
Senhores Embaixadores
Senhor Presidente da COTEC Portugal
Senhores Membros da COTEC
Minhas Senhoras e meus Senhores


Desde Março de 2004 que o objecto desta Iniciativa se manteve no centro das preocupações de todos nós, que hoje aqui nos reunimos para tomar conhecimento dos seus resultados e conclusões. A convicção que tinha nessa altura, como hoje ainda tenho, é a de que, para um grave e complexo problema nacional, se podem, e devem, encontrar fórmulas e respostas inovadoras apelando ao envolvimento de vários actores e à conjugação de esforços.

Dirijo-me, em primeiro lugar, à COTEC Portugal, à sua Direcção e ao Coordenador da Iniciativa, Engenheiro Pedro Moura, expressando o meu reconhecimento pela persistência e empenho em prosseguir os projectos que, devido à sua complexidade e premência, exigiram uma forte coordenação de inúmeras entidades, mantendo sempre o espírito que os originou, isto é, de que é vital a aproximação entre os que detêm conhecimento e os que dele necessitam.

Este é um bom exemplo prático do papel interventor e, por vezes, pioneiro da COTEC na sociedade. A este respeito gostaria de aproveitar este momento para vos transmitir o meu reconhecimento e satisfação pela forma como a COTEC tem vindo de forma empenhada e progressiva a desenvolver as suas actividades, em articulação com empresas, universidades, autarquias e administração central. Estou certo de que reconhecerão que o balanço destes primeiros anos da sua actividade – que será feito em breve – é francamente positivo e estimulador para o seu futuro.

Minhas Senhoras e Meus senhores

Os incêndios florestais são um drama nacional. A área arborizada portuguesa que ardeu nos últimos anos afectou de forma irreparável a curto/médio prazo um sector com um peso significativo no Produto Interno Bruto nacional e no total das exportações portuguesas.

Ninguém duvida de que o problema dos incêndios florestais, com as consequências por vezes irreparáveis que acarreta, invadiu a agenda de todos nós: dos governantes, dos empresários, dos investigadores e cientistas, de toda a sociedade. Às 18 associadas da COTEC Portugal que patrocinaram esta Iniciativa queria dirigir uma palavra especial. A sua participação financeira e empenhada na Iniciativa constitui a prova de que, em torno de projectos concretos, se consegue gerar um movimento solidário e responsável.

O primeiro projecto desta Iniciativa refere-se a aspectos sistémicos que não poderão deixar de ser tidos em conta e que, desde a sessão pública de há pouco mais de um ano, aqui nesta mesma sala, foram apresentados, embora nessa altura de forma preliminar, e têm vindo a ser debatidos e reflectidos em decisões recentes.

Os outros dois projectos da Iniciativa procuraram mostrar ao país como tirar partido, em benefício de todos nós, do conhecimento e da tecnologia. Demonstrou-se, como vimos nas três zonas-piloto (Vale de Sousa, Pinhal Interior Centro e Ribatejo), que existem tecnologias e sistemas inovadores que poderão contribuir decisivamente para a eficácia na prevenção e para a rapidez na detecção e primeira intervenção em caso de incêndios florestais.

Às equipas de projecto e aos seus Coordenadores os meus votos de que continuem a provar que é possível gerar, aplicar e disponibilizar conhecimento em prol do desenvolvimento sustentável.

Os resultados e as conclusões apresentadas conduzem-nos a algumas reflexões:

Os diagnósticos da situação portuguesa já foram feitos e são conhecidos. O momento é de acção e de mudança. Repensando o modelo de governação, a participação e o papel dos actores, os instrumentos e os recursos necessários;

A importância de assumirmos colectivamente uma nova atitude: a de defesa e de respeito pelo ambiente e pelo património florestal;

Os três principais projectos da Iniciativa da COTEC Portugal destacam a necessidade inadiável de tomada de decisões a diversos níveis e de diferentes naturezas;

O conhecimento científico e tecnológico existente no país, apesar de, por vezes parecer disperso e de aplicação pouco evidente, pode ser utilizado e valorizado na resolução de problemas nacionais.

Aos actores envolvidos nesta Iniciativa e a todos os outros para os quais ela se dirige, o país exige responsabilidade e vontade. Para que, como aconteceu com outros países ou regiões, o problema se resolva num curto prazo.